segunda-feira, 7 de abril de 2014

Semana dos clichês

Uma novela durante a semana: depois do primeiro jogo das finais do paulista, vencido pelo Ituano, teremos um festival de clichês e respostas prontas durante a semana. Dos dois lados a mesma resposta intrigante: Não está nada ganho.


Ituano e Santos fizeram a primeira final do paulista 2014. Como era de se esperar, o time de Itu com uma forte marcação e o Santos buscando o gol desde os primeiros minutos. Todos imaginavam um jogo entre ataque e defesa, e foi mais ou menos isso que vimos durante os primeiros noventa minutos. No entanto, fora dos planos de qualquer torcedor santistas, o time do Ituano não só marcou muito bem, como teve ótimas chances nos contra-ataques. Era mesmo uma final que todos esperavam, com dois times sabendo exatamente aquilo que são capazes. Ituano vence por um a zero, e todos sabem que não está nada ganho.

Do lado santista é plenamente aceitável que ganhe por dois gols de diferença na próxima partida. Afinal de contas, o ataque já fez alguns placares elásticos e convincentes durante o campeonato. Tudo bem, temos aquela história que todos conhecem no futebol: geralmente goleadas são construídas de forma natural, considerando as características do jogo; das equipes e aquilo que está em disputa. Uma goleada do Santos sobre o Ituano não será tão fácil como se espera. O jogo é uma final, uma goleada não será natural. Plenamente possível, mas menos previsível. Por outro lado devemos levar em consideração: não é necessário muitos gols, mas dois de diferença. Aceitável. Tanto que a cara de derrota dos torcedores santistas afirmam em sorrisos discretos: ainda dá para virar.

Os jogadores do Ituano estão eufóricos: a metade do caminho já foi percorrido. Precisam de, no mínimo, um empate para serem os verdadeiros campeões em 2014. Feito dificílimo para times do interior, essa quebra de hegemonia dos times da capital mais o Santos. Mas agora cada vez mais perto. Em Itu continua tudo como está, mas um pouco diferente. Não tem nada ganho e coisa e tal. Mas eles sabem que o passo maior que a perna foi dado. Se eles estariam satisfeitos com um empate no primeiro jogo, imaginem a euforia com uma vitória. Sim, respeito ao time do Santos. Sim, ainda resta uma partida. Sim, vários clichês quando ainda não se tem uma faixa no peito. Mas, para o bem dos torcedores adversários, o título nunca esteve tão perto.

A pimenta que eu coloco na final é que o empate na primeira partida seria muito melhor para o Ituano. Vão me achar louco: como um empate pode ser melhor que uma vitória? Pois bem, a existência do segundo jogo muda tudo. Muda completamente tudo que se pode esperar da final. Muda um fator favorável ao Ituano: a surpresa. Não existirá mais nenhuma surpresa para a segunda partida. Santos sabe agora mais do adversário que supostamente sabia quando entrou em campo no domingo. Se especulava o Ituano ser uma boa equipe, agora ele tem certeza. Agora a equipe santista sabe que precisa entrar muito melhor, jogar muito melhor; fazer a diferença. A vitória do Ituano pode ter despertado uma equipe que não existiu na primeira partida, uma equipe que vai entrar em campo sabendo que precisa um pouco mais do seu limite. Talvez se o gol do Ituano saísse na segunda partida, depois de um empate no primeiro jogo, fosse tarde demais para qualquer recuperação.

Mas isso também é um clichê, do qual não ficamos livres. A mesmice das entrevistas durante a semana será pior que as rodadas medíocres da primeira fase. E vamos ouvir: Nada ganho, sabemos o potencial da equipe, um gol de diferença não é absurda, vamos buscar a vitória, não mudaremos nosso jeito de jogar, vamos ouvir o que o professor tem para dizer, agora temos que ser homens, era a chance que esperávamos, estamos tranquilos, e etecetara e tal.

O melhor mesmo das finais é o último jogo, de resto, nada ganho.

Nenhum comentário: