segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Final do Mundial (Santos x Barcelona).

A final do Mundial de Clubes da Fifa entre Santos x Barcelona, foi uma das mais esperadas dos últimos tempos. Nunca se falou de uma partida com tanta antecipação (quero lembrar que desde 2010 falavam deste comfronto); o jogo do século para alguns. Mas o que se viu em campo, foi bem diferente.



Como disse Neymar no final da partida: "Foi uma aula de futebol". Mas não foi uma aula do Barcelona sobre o Santos. Não foi a vitória de Messi sobre Neymar. Foi bem mais do que isto: a superioridade de uma escola sobre a outra. Vou aqui insistir, que do ponto de vista individual e técnico, vi times melhores que o Barcelona aqui mesmo no Brasil. Mas no jogo coletivo, nunca vi nada igual, e chega até ser assombroso, na minha opinião.


Embora achei que a estratégia do Santos foi errada, principalmente no primeiro tempo, não se pode atribuir este fator à imensa supremacia do Barcelona. Talvez, se os santistas não tivessem respeitado tando os catalães, as coisas poderiam ser um pouco mais equilibradas. Perderíamos de menos.


Esta derrota não é uma "vergonha" ou "humilhação" santista como alguns rivais disseram. É uma derrota acima de tudo do futebol brasileiro, pois o Santos era o que tínhamos (ou temos) de melhor no Brasil ou no próprio continente. Mas depois desta "cacetada", temos que avaliar e reavaliar alguns conceitos. Principalmente para o pragmatismo dos técnicos brasileiros e a formação de jogadores.


O Santos, com Dorival Jr., tentou quebrar um pouco isto em 2010. Um time com uma movimentação alucinante, com André, Wesley, Robinho, Neymar e Ganso e que resultou em muitos gols. Mas a defesa era o ponto vulnerável. Talvez se ela fosse corrigida ou a marcação tivesse a mesma eficiência do ataque, seria um time espetacular. Mas os euros levaram André, Wesley e Robinho que estavam emprestado e deveríamos depositar nossas fichas no futebol de Neymar que estava numa crescente, e na maestria de Ganso, estilo de jogador considerado em extinção. Com a tentativa e o fracasso de Adílson Batista, chegamos a um consenso que teríamos que ser mais "competitivos" para vencer a Libertadores; em outras palavras, mais "pragmáticos". Chegou Muricy e arrumou nossa defesa, e com a habilidade de Neymar, as jogadas de Ganso e um centroavante oportunista (que poderia ser qualquer um, mas neste caso foi o Zé Eduardo), achamos a "fórmula" para vencer a Libertadores 48 anos depois.


A lição do Barcelona nos mostrou, sem que percebesse-mos anteriormente, que o "santástico" time do Santos que venceu a Libertadores, era até mais pragmático do que se imaginava. O DNA que o Santos havia redescoberto em 2010 (ou mesmo em 2002, recuando um pouco no tempo), havia novamente sofrido mutações em 2011. Mas isto não quer dizer que o Santos não fez o certo. Se não tivesse usado este método, muito provavelmente não teríamos ganho a Libertadores e sequer enfrentado o Barcelona. Mas depois do que aconteceu neste domingo, podemos tentar resgatar novamente isto aliado com um trabalho de base que tem sido muito bem feito no Santos. Parece fácil, mas talvez a meta seja ser campeão com um "custo zero" conforme salientou Pep Guardiola. Aí sim , estaremos retomando o caminho do nosso futebol.


Foi uma derrota dura para os santistas, e uma aula para o futebol brasileiro. E espero que esta "aula" tenha servido de lição. Aliás, é bom a Seleção Brasileira nem pensar em marcar um amistoso contra o Barça. Deixa prá lá! Poderia ter sido um grande jogo, mas não foi, pois só uma equipe jogou. Mas o Barcelona também tem suas imperfeições. E eles também praticam o antejogo, pois foi um time mais faltoso que o Santos em alguns momentos, interrompendo com faltas qualquer esboço de um contra-ataque peixeiro. É um time, talvez espetacular, mas não perfeito. Taí, dei minha cornetada!


Confesso que depois de ver o meu time levar uma das maiores surras da história (ou da sua história), ainda durante o jogo me bateu um certo complexo, de ver o melhor time da América ser açoitado daquela maneira. Acho que foi o tal complexo de "vira-lata" criado por Nelson Rodrigues nos anos 50. Descobri o que é isto ou senti um pouco isso na pele, diante da incapacidade de ver meu time reverter uma situação, e apenas torcer para que o juiz terminasse logo a partida.


Apesar disto, o ano foi bastante positivo para o Peixe. E que o Santos Futebol Clube continue mantendo esta linha de revelar e segurar jogadores, tire proveitos desta derrota, e quem sabe, chegar um dia ao mesmo patamar de um clube como o Barcelona e conquistar sua terceira estrela.




Foto: Uma das poucas chances do Santos no jogo, na qual Neymar tenta tocar por debaixo do goleiro Valdéz.





2 comentários:

Sérgio Oliveira disse...

O tal time da virada, só não pode virar pó.

Cesar Augusto disse...

Vendo essa foto me ocorreu que os jogadores do Santos disputaram uma das partidas mais importantes de suas histórias como futebolistas profissionais e nem sujaram o uniforme. O danado ficou branquinho, do mesmo jeito que entrou em campo.