quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

As dez feras do Geléia

Ano de vacas magras é um caso sério. O time fraqueja nos gramados e nós, torcedores, ficamos saudosistas de times e jogadores que marcaram a nossa história. Com esse pé no passado que eu vasculhei meu arquivo de memórias para lembrar dos melhores jogadores que eu vi defenderem o sagrado manto tricolor. A lista é enorme, mas, tentei identificar os dez mais. Aqueles acima de qualquer suspeita. Vale lembrar que a minha história futebolística começa nos idos de 1978, portanto, na minha seleção não tem Pedro Rocha nem Toninho Guerreiro. Eis as minhas feras, em ordem crescente:

10 – Luis Fabiano (2001 a 2004, 2011 até agora)
O artilheiro dispensa maiores apresentações, até porque ainda está na ativa. Entre os anos de 2001 e 2004 ele foi sinônimo de gol. Um atacante matador que, acompanhado do seu fiel escudeiro França, fizeram a melhor dupla de frente que eu vi jogar com as nossas cores tricolores. Aquilo era um verdadeiro inferno pra zagueirada. Nada menos que 118 gols antes de desfilar a sua categoria em terras estrangeiras.

09 – Zetti (1990 a 1996)
O nosso goleiraço da década de 1990 é um produto da fantástica escola de goleiros do Palmeiras. Um gênio debaixo dos três paus. Posso falar sem qualquer pudor que, tecnicamente, foi o melhor goleiro que eu vi atuar pelo São Paulo. Além de ser o protagonista da maior alegria que eu tive com o futebol; o pênalti defendido na final da Libertadores de 1992 que nos deu o nosso sonhado primeiro título internacional.

08 – Pita (1985 – 1988)
Esse foi um maestro dentro de campo. Pena que a sua trajetória no Tricolor tenha sido curta. Para quem não viu o Pita em campo garanto que perdeu um exemplo do que o futebol tem de melhor. Um meio criativo, numa época que o camisa 10 era reconhecido como a referência do time. Era um Portinari que pintou algumas das mais belas telas do acervo futebolístico brasileiro. Todo são-paulino tinha como obrigação agradecer ao Santos, todas as noites, por terem mandado o Pita para o Morumbi. Muito obrigado Santos!

07 – Muller (1984-1987, 1991-1994, 1996)
Ele tinha nome e futebol de craque. Além de ter jogado no Morumbi nas épocas mais gloriosas de nossa história recente. Quando o Cilinho arquitetou os Menudos do Morumbi o Muller estava lá. Quando o Telê Santana montou aquele timaço, bi-campeão mundial lá estava o nosso craque presente. Jogou muita bola. Um atacante rápido e habilidoso. Pena que não tenha driblado os problemas da vida pessoal com a mesma desenvoltura com que driblou o lateral Ferrer, do Barcelona, na final do Mundial.

06 – Zé Sérgio (1976-1984)
O maior jogador do Brasil. Não precisa dizer mais nada. Toda vez que eu vejo o Neymar reclamando das faltas que sofre dos zagueiros eu lembro do Zé Sérgio. Esse sim tinha o direito de reclamar. Talvez fosse o jogador mais caçado desse país. Um ponta-esquerda fantástico, com dribles desconcertantes. Para parar o Zé Sérgio, só na porrada mesmo. Pena que os problemas físicos encurtaram a sua trajetória. Chegou até a perder a vaga na Seleção de 1982 para o Éder. Estávamos mal de ponta-esquerda naquela época, não? Por essas e outras eu não canso de dizer que a Seleção de 82 tinha os melhores jogadores do mundo, menos um.

05 – Rogério Ceni (1990 até agora)
A inclusão do capitão nessa relação é óbvia. Como disse, ao escrever sobre o Zetti, não considero o Rogério o melhor goleiro da história do São Paulo, mas, sem dúvida, é o mais importante. Por essa razão está na minha seleção. Um líder, um jogador dos dias atuais, mas, com comprometimento de antigamente. O maior ídolo da história recente do São Paulo, além de um grande batedor de faltas. Merece estar na lista.

04 – Dario Pereyra (1977-1988)
Nos dias atuais o zagueiro é aquele cara alto, forte, mal encarado, que parece só saber chutar a bola para o lado que está virado, não é mesmo? Nem sempre foi assim e o Dom Dario Pereyra conseguia aliar o vigor físico com uma técnica invejável. Foi a nossa segurança durante muitos anos, além de brilhar na seleção uruguaia. Um xerife no melhor sentido da palavra.

03 – Oscar (1980-1987)
Para completar a zaga da nossa seleção não poderia deixar de lado o Oscar. O melhor zagueiro central que esse país já teve, com cadeira cativa na seleção brasileira. Um dos melhores produtos originados da Ponte Preta, quando a Macaca era um dos grandes do futebol nacional. Um zagueiro com excelente noção de cobertura e fino trato com a gorduchinha. Na minha seleção a camisa três está sempre reservada para o nosso capitão Oscar.

02 – Careca (1983-1987)
Il Careconi foi o melhor centroavante que eu vi jogar com a camisa do Tricolor. Só não digo que foi o melhor da posição porque o Romário foi imbatível. O Careca era daqueles atacantes à moda antiga, que tinha o faro do gol e uma habilidade nata para tirar o goleiro da jogada e estufar as redes. Como esquecer aquele gol nos acréscimos na final do Campeonato Brasileiro de 1986 contra o Guarani? Foi de arrepiar. Como se não bastasse, talvez, o Careca tenha sido o melhor companheiro de ataque que o Maradona já teve, fazendo com que o Napoli fosse uma potência na Europa nos anos que essa dupla esteve por lá.

01 – Raí (1987-1993, 1998-2000)
O terror do Morumbi. O Raí foi o maior ídolo da minha geração de tricolores. O maior jogador que eu vi jogar com a camisa do São Paulo. Um craque de bola. Não foi, obviamente, tão genial quanto o seu irmão, mas era um jogador completo. Pensava o jogo, articulava as jogadas de ataque, passava bem, chutava, cabeceava. Era o pacote completo. Quando o Raí estava em campo o torcedor tricolor ficava mais tranqüilo. Era uma moleza ser são-paulino naqueles dias. A gente assistia aos jogos no Morumbi e tinha a certeza da vitória. Além disso, o Raí adorava jogar contra o Corinthians. Senhor Tempo Bom que não volta nunca mais, como diria o rimador Thayde. Fora das quatro linhas mostrou ser um craque ainda maior. Preocupado com os problemas desse país participa ativamente de projetos sociais e educacionais. Um gol de letra na apática e alienada classe boleira brasilis.

3 comentários:

Sérgio Oliveira disse...

Concordo com todos, menos Luis Fabiano. Apesar dos números......

Mesmo eu sendo corintiano, tenho pelo menos uns três ou quatro jogadores dessa lista que eu também admirava. Inclusive o Pita, que serviu de inspiração para meu maior ídolo: Neto.

Cesar Augusto disse...

Entendo. Mas eu precisava colocar alguém dos tempos atuais pra ninguém falar que eu sou jurássico.

Mario disse...

Excelentes escolhas Geléia. Só feras mesmo. Com este time aí... nem o Barcelona. Mas e o Chulapa? Deixou-o de fora da lista?