terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tricolores do mundo, hoje é dia de comemorar.




13 de dezembro poderia ser mais uma data qualquer no calendário de um mês espremido pelos festejos de final de ano, mas, para nós, são-paulinos, o 13 de dezembro é sempre uma data especial. Há dezenove anos atrás ganhamos um dos nossos troféus mais importante, talvez, o mais importante para a minha geração; o primeiro título mundial do São Paulo.

Foi grandioso porque reuniu as duas melhores equipes do futebol mundial naquela oportunidade. O Barcelona ainda comemorava o seu primeiro título europeu com um time de dar inveja montado pelo Johann Cruyff. A esquadra tricolor vinha de seu primeiro título sul-americano, sob a batuta do Mestre Telê Santana. Os dois clubes pretendiam o descabaçamento intercontinental e o encontro estava marcado para o dia 13 de dezembro de 1992 no Estádio Nacional de Tóquio.

Por uma ironia do destino, as duas equipes se encontraram alguns meses antes no torneio Teresa Herrera, um desses torneios de pré-temporada europeus que, infelizmente, deixamos de participar. O Barcelona, com as pernas pesadas, típicas do início de temporada, não deu nem pro cheiro. Foram goleados por 4 a 1. Naquela oportunidade o Sêo Telê já tinha alertado que o jogo em Tóquio seria bem diferente. Enfrentaríamos um Barcelona voando, em plena temporada, enquanto nós estaríamos no final de uma desgastante temporada brasileira.

O Projeto Tóquio, como era carinhosamente chamado pela torcida, mídia e jogadores envolvia uma verdadeira operação de guerra. Não bastava ter um baita time de futebol, precisávamos nos preocupar com o clima frio japonês, com a comida, com o fuso horário. Felizmente, na época, tínhamos no nosso laboratório o grande Dr. Turíbio Leite de Barros e, em campo, um time acostumado a superar qualquer adversidade, seja no inverno japonês ou no altiplano boliviano. E estávamos preparadíssimos para a peleja contra os catalães.

No dia do jogo, ou melhor, na noite do jogo, todos os são-paulinos estavam otimistas com a vitória. É lógico que o Barcelona tinha um timaço, com Koeman, Stoichkov, Zubizarreta, Guardiola e Laudrup, mas, eu não percebia no alto da minha sabedoria de dezessete anos nenhuma apreensão. Aliás, eu nunca ficava lá muito apreensivo com aquele time. Tinha a certeza da vitória, mesmo quando o time perdia. E, convenhamos, quem tinha de ficar apreensivo era o Barcelona que tinha tomado uma sapecada do esquadrão tricolor meses antes.

Na entrada das duas agremiações em campo notei a tranqüilidade e confiança no semblante dos nossos heróis, principalmente do nosso capitão Raí. A vitória seria uma questão de tempo. Exatos noventa minutos. Logo no início do jogo a surpresa; o Barcelona sai na frente com um gol do Stoichkov de fora da área, sem chance para o nosso arqueiro Zetti. A vantagem do Barcelona logo no início do jogo serviu para atiçar a nossa equipe que partiu com tudo para cima dos espanhóis. Numa jogada genial do Muller, pela esquerda, que driblou de maneira desconcertante o Ferrer e cruzou para a área para a conclusão do Raí. 1 a 1 no placar e jogo equilbrado em campo.

Na lateral do campo, tanto o Telê quanto o Cruyff permaneciam tranqüilos, meio que admirando a exibição futebolística das duas equipes. O jogo continuou equilibrado durante toda a segunda etapa, mas, mesmo assim, eu continuava acreditando na vitória. Não era possível! Ou o Muller, ou o Palhinha ou o Raí tirariam algum coelho da cartola no final do jogo, pensei. E, pasmem, foi exatamente isso que aconteceu. O Palhinha sofreu uma falta na entrada da área e o Raí foi pra batida. Close na cara do nosso capitão. O Raí vai meter essa bola na gaveta. Dito e feito. Cadê o melhor goleiro do mundo, o tal de Zubizarreta agora? 2 a 1 pro Tricolor. Até o Sêo Telê levantou do banco pra comemorar.

Falta pouco mais de dez minutos. Vamos segurar esses gringos na unha. Acabou! Vitória! Festa em São Paulo, festa no Brasil! O Brasil estava carente de títulos mundiais, então, valia a pena comemorar, brindar o resgate de nosso futebol, independente da cor da camisa. Para os são-paulinos, aquela noite foi inesquecível. Foi difícil pegar no sono depois. E quem precisa dormir? Que o dia amanheça logo para eu rever os gols do Raí dezenas de vezes, para desfilar o orgulho de ter o melhor futebol do mundo. Para o nosso time, aquela foi a cereja no bolo de uma geração que cresceu perdendo uma final de título brasileiro, em 1990, para o arqui-rival Corinthians, mas deu a volta por cima, conquistando o Brasil, a América e o Mundo. Para o nosso saudoso Mestre Tele Santana aquele título representou a redenção de seu nome. Se era o título mundial que faltou em 1982, agora não faltava mais nada.

Parabéns Tricolores de todo o mundo. Não precisamos que o dia 13 de dezembro seja feriado nacional, mas, quando cruzardes com outro tricolor na rua não se acanhe, dê-lhe os merecidos parabéns.

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