
Num futebol tão mal planejado quanto o brasileiro, certas posições adotadas pelos dirigentes mudam rodada após rodada. O que era certeza vira dúvida no nosso imediatismo futebolístico, com a mesma velocidade que um atacante rompe a zaga adversária e anota o gol. Entretanto, no São Paulo, parece que uma coisa é quase certa; a lista de dispensas do final do ano. São muitos os nomes, mas, não há certeza de que eles não estarão no elenco na próxima temporada. Não basta querer livrar-se do “cabeça de bagre”, o problema é arranjar quem contratá-lo e que esteja disposto a pagar um troquinho aos cofres do clube. Os nomes dessa temporada já são conhecidos da maioria dos torcedores e especuladores de plantão.
Começamos por uma questão lógica de respeito aos mais velhos: Rivaldo deve ser o primeiro a passar no departamento pessoal. Ele nem tem do que reclamar. Ofereceu-se para jogar e a diretoria considerou que ele tinha gás para ser aquele meia de ligação que tem faltado desde aquela entrada do Wilson Gotardo no Raí, nos idos de mil novecentos e não sei quantos. Aposta errada da cartolagem. O Rivaldo não é mais jogador profissional. Até no Usbequistão sabiam disso, exceto os nossos brilhantes diretores e conselheiros que venderam um novo Cerezo pra torcida. Não vai deixar saudades.
O Marcelinho Paraíba, que já estava fora dos planos, não precisa voltar nem pra assinar a papelada. Mandaremos a sua rescisão digitalizada por e-mail. Nem precisa se preocupar. Os cabelos continuaram os mesmos, mas, o futebol... quanta diferença.
O Marlos pode ocupar no coração do torcedor são-paulino o mesmo espaço que ocupa o Lulinha no coração do torcedor corintiano. Foi o maior craque sem nunca ter sido dos últimos anos do nosso time. Se ele jogasse um pouco do que ainda acham que ele joga, meus amigos, estaríamos diante de um novo Jairzinho, o furação da Copa, mas, como ele não sabe chutar, passar e não tem nenhum comprometimento com o jogo coletivo, será apenas mais um Marlos da vida.
Da série dos “grandes que nunca foram” temos uma fila puxada pelo Casemiro. Esse Casemiro é um “craque de bola”. Pelo menos foi isso que ele pensou ao retornar ao Brasil após a vitoriosa campanha da seleção brasileira sub-20, no sul-americano da categoria. Isso mesmo, meus amigos, vocês não leram errado. O sujeito ganhou um sulamericano sub-20 e já se considerava o novo Falcão, o novo Alemão ou uma mistura dos dois. Começou pedindo a já famosa valorização. A competentíssima diretoria tricolor atendeu aos pedidos, afinal de contas, corte de cabelo moicano, relógio de ouro e mulher-fruta a tiracolo custam caro. E o aumento do custo de vida, aonde que fica? O problema será arrumar um time para um jogador “tão gabaritado” quanto o Casemiro.
O São Paulo caiu na “pegadinha do lateral” ao contratar o lateral Jean. O cara não sabe marcar, apóia mal que é uma beleza, não cruza, não chuta e ainda é sósia do Caio Ribeiro (Rede Globo). Não teria como dar certo. Já vai tarde.
Por falar em sair, um que não deveria ter retornado é o Denílson. Será que ele já era ruim assim antes de jogar no Arsenal da Inglaterra? Confesso que não lembro. A bolinha que esse rapaz tem jogado está abaixo da crítica. Raras são as oportunidades que ele não toma cartões e deixa a equipe na mão. Dizem que ele passa por um processo de readaptação ao futebol brasileiro, mas, sei não. Acho que o defeito dele é bem mais embaixo... nas pernas.
Ao que parece o Xandão é nome quase certo nessa listinha de final de ano. O cara é são-paulino, tinha muita vontade de vestir a camisa do clube, mas, infelizmente, isso não é suficiente. Tem que jogar um pouco também. Ele mostrou ser fraco no jogo aéreo e na cobertura. Não dá pra jogar como zagueiro, quem sabe na lateral do campo, como gandula...
A duplinha de ouro de Cotia, Henrique e Bruno Uvini está merecendo há muito tempo um belíssimo pontapé nos fundilhos. E parece que vão receber nesse final de ano, se encontrarmos compradores para as “promessas” tricolores. O Henrique não tem nem altura, nem talento para jogar como atacante no futebol brasileiro. O Bruno Uvini parece aquele craque pré-fabricado, com todos os predicativos para ser uma grande estrela; é boa pinta, sabe dar entrevista, tem passaporte europeu, deve saber até recitar o Lusíadas, mas, com um único defeito: não tem lá muito talento com a gorduchinha. Ponto negativo para o pessoal de Cotia.
Dagoberto é um capítulo a parte. Conheço crianças, jovens torcedores tricolores que cresceram com a esperança de que o Dagol (como gostam de chamá-lo) seria o nosso redentor, seria o resgate do futebol arte tricolor. Um atacante habilidoso, certeiro e vencedor que viria para ganhar jogos e levantar troféus. Passados quase cinco anos de contrato, talvez a maior lembrança do torcedor são paulino sejam as suas lambanças em campo, principalmente nos jogos decisivos. Sou suspeito pra falar. Tenho feito campanha anti-Dagoberto abertamente no Patativa. Não posso evitar, sou torcedor. Fico surpreso ao saber que torcedores de outros times adorariam Dagoberto nos seus elencos. Não seja por isso, façamos negócio!
A listinha de Dom Juvenal tem aspectos positivos, é verdade, mas, que não sirva para encobrir a incompetência da diretoria são paulina, que vem conduzindo o clube nos últimos anos pelo caminho do marketing e da arrogância. Falta à diretoria calçar as sandálias da humildade e admitir que comete erros na mesma proporção que os demais cartolas. Admitir que não se faz time de futebol com bravata ou com campanhas publicitárias. Admitir que o trabalho nas categorias de base não vai bem desde que entregamos o nosso clube de show room aos empresários. Admitir que precisamos, sim, de bons profissionais trabalhando na comissão técnica. Enfim, admitir que estrutura física, por si só, não garante dividendos em campo.
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