quinta-feira, 28 de julho de 2011

Os 14 dias que abalaram o mundo

O título do post não está errado. De fato, remete o leitor ao filme e livro "Os treze dias que abalaram o mundo" e que narram a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, no ano de 1962. E aí retratada toda aquela tensão do que poderia ser a Terceira Guerra Mundial e, provavelmente, o fim da humanidade. Durante treze dias as grandes lideranças mundiais decidiam se o mundo ia acabar ou não. Haja pressão!

Se o impasse diplomático entre Estados Unidos e União Soviética pôde abalar o mundo no ano de 1962, o que dizer, então, da Taça Brasil daquele ano. Mais uma vez, a CBD convocava 18 campeões estaduais para disputar o torneio que definiria o representante do país na ainda jovem Taça Libertadores da América. Eram eles: Santos (SP), Botafogo (GB), Internacional (RS), Sport (PE), Campinense (PB), Cruzeiro (MG), Ceará (CE), Rio Branco (RJ), Metropol (SC), Bahia (BA), Paysandu (PA), CRB (AL), Santo Antonio (ES), Comercial (PR), Sergipe (SE), Sampaio Correa (MA), River (PI), ABC (RN).

Como os campeões de São Paulo e da Guanabara só entravam na fase semi-final do torneio, as primeiras rodadas não atraíram tanto a atenção da mídia e da torcida. Uma pena se considerarmos que o torneio teve a participação de gigantes do calibre de Internacional, Bahia, Sport e Cruzeiro.

Nas semi-finais coube ao campeão da Guanabara enfrentar os gaúchos do Internacional. Como esperado a disputa foi dura e decidida somente no terceiro jogo (expediente comum nos torneios da época, antes do invencionismo da disputa de pênaltis). Na outra semi-final o Santos não teve a menor dificuldade para superar o Sport, com um empate e uma maiúscula goleada por 4 a 0.

Chegava então o confronto mais esperado naqueles tempos. Assistir a um Botafogo e Santos era como assistir a um show dos Beatles e dos Rolling Stones no mesmo palco. O torcedor, independente de raça ou cor de camisa, sabia que quando esses dois times entravam em campo, estava presente o que havia de melhor em matéria de futebol. Jogadores do naipe de Gilmar, Manga, Zito, Nilton Santos, Coutinho, Garrincha, Pelé, Amarildo e Pepe. A realeza da bola estava presente.

A disputa começa no dia 19 de março de 1963, no Pacaembu. Jogando em casa, o Santos obteve um vitória apertada de 4 a 3 sobre os cariocas, deixando claro o equilíbrio entre as duas equipes. No jogo da revanche, no domingo de 31 de março, em pleno Maracanã, o Botafogo empatou a disputa com um vitória de gala por 3 a 1, para um público de mais de 102 mil pagantes, forçando a realização da terceira partida.

Era uma terça-feira, do dia 02 de abril, quando o Santos, abençoado pelos Deuses da Bola, se redimiu do tropeço do domingo e venceu o Botafogo por 5 a 0, diante de um público de mais de 70.000 pagantes, que, segundo o relato da Gazeta Esportiva do dia seguinte, "ignoraram a procedência do clube vencedor, vibraram e aplaudiram a exibição dos visitantes festejando cada gol, porque o importante era o espetáculo que estava sendo apresentado". E que espetáculo! O Santos era campeão novamente, com gols de Dorval, Pepe, Coutinho e dois do Rei que dispensa maiores apresentações.

Colocando o ano de 1962 na balança, a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, nem abalou tanto assim o nosso mundo, mas, aqueles 14 dias de disputa entre Botafogo e Santos, aí sim.

Um comentário:

Mario disse...

Rapaz, os Deuses da música e da bola nunca permitiriam que o mundo acabasse naquele ano! Os Beatles e Rolling Stones começando a mudar a história da música, o futebol brasileiro com uma incrível galeria de craques, e o Garrincha ainda iria arrebentar na Copa do Chile!

E o Geléia também arrebentou em mais um post!