Assisti a transmissão do jogo entre Palmeiras e Cruzeiro. O jogo em si foi melhor do que eu esperava. Domínio do Cruzeiro e algumas milagrosas defesas do Marcos. Mas não foi o jogo que me chamou atenção, mas sim uma resposta do comentarista Casagrande a uma pergunta feita por um telespectador. A pergunta era sobre a possibilidade do Palmeiras ser campeão brasileiro. A resposta do ex-jogador foi interessante, pois acaba com uma mania de dizer que, para ser campeão numa competição de pontos corridos; e tão longo, é necessário ser um time regular.
Numa conversa com Kleber Machado, Casagrande revela que para ser campeão é necessário, ainda, ser regular. Isso ninguém duvida, pois é opinião de muitos desde os tempos em que a competição usa essa fórmula. Em disputas como semi-finais e finais, o time precisava estar bem em determinado momento, com pontos corridos ele precisa estar bem sempre; ou pelo menos regular. A regularidade tão sonhada é a máxima pontuação quando o time joga em casa, e pelo menos um empate quando joga fora. Até ai não há nenhum problema.
O problema acontece quando Kleber diz que o Palmeiras é um time regular (portanto é candidato ao título), e quando Casagrande diz que o time pode brigar apenas por uma boa colocação; mas que precisa fazer muito para ser campeão. Cai por água abaixo a conclusão de que o campeão brasileiro precisa ser regular. Regular é o mínimo, ele precisa mais do que isso. Precisa fazer um pouco mais do que a regularidade, do que ganhar pontos em casa e perder poucos fora de casa. Precisa da famosa “gordura”; ou seja, ganhar o maior número de jogos possíveis: essa é a lógica que estávamos esquecendo como torcedores.
Talvez a resposta de Casagrande não tenha levado em conta os resultados dos últimos campeonatos brasileiros. Inconscientemente ele está certo, mas a sua justificativa não deve ter passado pela análise das rodadas finais, onde clubes fazem o “esforço mínimo” para ganhar um jogo, quando essa vitória é favorável ao arquiinimigo. Não dá para tirar o mérito do Flamengo nem do Fluminense, mas não dá para dizer que esses times foram regulares durante toda competição ou que eram os melhores do campeonato. Melhor é aquele que ganha, história é contada pelos vitoriosos. Há uma meia verdade nisso tudo.
A fórmula de ser regular é válida, mas não é só isso. A tal “gordura” que todos dizem (que é a diferença de pontuação do time que está abaixo) também deve ser calculada com índice diferente. Não é mais interessante estar na frente de um adversário, mas considerando os pontos que podem ser obtidos nas rodadas finais; é importante estar bem a frente do adversário. E para isso, a regularidade somente não basta. A receita requentada de outros campeonatos não pode mais ser usada daqui para frente. Os ingredientes são outros.
É por isso que começar bem um campeonato é essencial pela busca de um título. Também passou a ser essencial que o time acabe bem um campeonato, não perdendo pontos. A regularidade será usada apenas no intermediário calendário que vai da décima rodada até vigésima nona. Os dez primeiros jogos e os sete últimos devem somar a totalidade dos pontos. A diferença do campeão e da boa colocação sairá dessa pontuação inicial e final, não mais da regularidade.
Assim, no futebol, como em qualquer outro esporte, a mágica da regularidade é resumida em uma única palavra: vitória. Portanto, caracterizar o time como regular não é mais identificação de favoritismo; mas apenas a suposição que terminará a competição numa boa colocação. O campeão sairá da certeza lógica e mais do que sabida (e digo isso como se tivesse descoberto da roda) do time que for mais vitorioso.
Bingo!
(Atenção, a conclusão é uma ironia)
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Um comentário:
Já disse aqui que pra mim o Casagrande é um dos melhores comentaristas do Brasil. Não vi este jogo na íntegra, nem tampouco o comentário do Casão, mas é uma observação importante na qual eu também não havia parado pra pensar.
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