
Não gosto de estragar a festa, mas estou desconfiado desse novo estádio do Corinthians. Já disse aqui que essa construção é mais importante do que o título da Libertadores: a estruturação do clube é a maior conquista para o centenário. Títulos virão com certeza, uma hora ou outra o título tão sonhado pelos torcedores vai bater à porta. Digo isso com a consciência de quem passou uma parte do tempo, como torcedor, esperando um título nacional que veio depois de muito tempo. Veio quando ninguém acreditava, quando era quase impossível. Veio com Neto e companhia.
Então, o Estádio. Esse é um pesadelo que eu vivo desde a década de 80. Lá, naquela época, eu comecei a entender um pouco sobre futebol. E pior ainda, meus amigos também. Conhecimento que vira matéria-prima da zombaria, da “tiração de sarro”. Todos sabiam que o Corinthians não tinha uma casa, e eu inocentemente me defendendo por pagar em dia o aluguel do Pacaembu. Não tínhamos estádio, e ainda não temos. Um clube grande, com história; não manda jogos em local nenhum de sua propriedade. Esse é o maior sonho, volto a repetir.
Mas algumas notícias me deixam preocupado. Eu que já vi foto do Vicentão, do Fielzão, do Coringão e de tantos outros superlativos; fico cismado com esse carimbo dado por Sanches de “aprovado”. Será que dessa vez o estádio vai sair? Será que forças políticas, empresariais e comerciais chegarão em tempo certo? É viável que o estádio exista? Entidades ligadas ao futebol querem mesmo “apoiar” o clube paulista? São perguntas que apenas quem vive o mundo dos negócios esportivos pode responder. Nós ouvimos as notícias, e ponderamos algumas questões.
E fica fácil perceber uma questão política nisso tudo: o estádio do São Paulo está em melhores condições, principalmente se levarmos em conta que lá acontece grandes clássicos do Estado. E se faltam alguns pontos do “padrão FIFA”, não deve ser uma coisa tão absurda que não consigam fazer. Não vi o projeto, nem tenho conhecimento técnico para avaliá-lo; mas parece lógico que um estádio que precisa de poucas melhorias seja melhor do que um estádio de maquete.
A escolha do estádio do Corinthians para abertura da Copa no Brasil me encheu de esperança. Não arriscariam o nome de um evento desse porte se não tivesse pelo menos um ótimo plano para que ele desse certo. O presidente do clube disse que o estádio sairia mesmo se o objetivo principal não fosse a copa do mundo. Pois então, o plano parecia bom; ótimo; melhor do que poderíamos sonhar.
No meio das homenagens do centenário, os eufóricos torcedores não perceberam a agenda da construção. Em alto e bom som o estádio começaria a ser construído no primeiro dia desse ano. Não aconteceu. Depois a burocracia empurrou o primeiro caminhão de concreto para o dia primeiro de abril. Eu sorri, um sorriso bem amarelo: é dia da mentira! O estádio ainda não nasceu. E não nascerá de uma hora para outra, mesmo com a promessa de homens trabalhando dia e noite, em turnos que superam as vinte e quatro horas que temos no dia.
E assim, mais manchetes duvidosas do que esperançosas.
Eu tenho ainda esperança nisso tudo. Piadas pelos cantos: a piada vai ser amarga mesmo se esse estádio não sair. Vai ser pior do que o Tolima e Ceni juntos, tirando um time brasileiro da primeira fase da Libertadores; e marcando a história do goleiro-artilheiro. Não sair o estágio agora é o complexo de vira lata que deveremos carregar por mais cem anos; pois não vejo caminho diferente do agora ou nunca.
Os ventos favoráveis talvez não aconteçam novamente.
Um comentário:
Meu palpite é que o estádio sai.
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