
E aconteceu aquilo que todo mundo queria: venceu o esporte. Apesar de algumas críticas em relação à F1, ainda a considero uma modalidade esportiva. Tudo bem, há quem defenda o virtuosismo da máquina a capacidade humana. Mas isso é matéria de seminário, de discussões intermináveis e de pós e contras que não vão ser analisados nesse momento. Por ora, vamos pensar em tudo como uma competição esportiva.
E pensando desse modo, não há como alguém defender a postura da Ferrari, em seu famoso jogo de equipe. Mesmo os mais apaixonados ferraristas, e bota apaixonado nisso; admitiram que o “tiro saiu pela culatra” numa estratégia desastrosa no meio do ano, quando Massa recebeu ordens “indiretas” de deixar seu companheiro “Alonso” chegar primeiro. Massa não perdeu apenas o pódio, mas, em parte, a motivação. Nem sempre os meios justificam os fins, principalmente quando pensamos numa disputa com valores tão grandiosos como no automobilismo.
Antes mesmo da última corrida, já estava clara a posição da equipe Red Bull (não precisamos esconder o nome da equipe em siglas) em não fazer o “jogo sujo”, de escolher o vencedor entre os competidores de sua escuderia. Mesmo conhecendo os valores da equipe, ainda assim, era oficial a posição deles, momentos antes da largada: “Estamos proibidos em fazer isso, pois quem manda tem juízo”. Vettel e Webber enfim eram livres como competidores e sóbrios como seres humanos.
A corrida foi emocionante por causa das diversas possibilidades de título: um chegando em primeiro, o outro não podia chegar em quinto; outro chegando em segundo, o outro não podia chegar em terceiro que o quarto seria campeão; assim por diante. Não entendeu? Eu também não tinha entendido. A única possibilidade evidente e que eu estava torcendo era exatamente o que aconteceu: vitória de Vettel e a pontuação de Alonso.
Final da corrida e todos comemorando. Inclusive os tão torcedores amadores quanto eu, que entendem pouco de automobilismo, mas que se sentem orgulhosos mesmo quando erram a previsão: eu teria dito, em conversas particulares, que não acreditava que Alonso perderia o título. Aliás, até mesmo os entendidos do esporte não acreditavam que Alonso fosse perder o título, em vista das inúmeras possibilidades de pódio a seu favor. Para ele, a única que não podia acontecer, aconteceu.
Para nós, que torcíamos pelo esporte; a única coisa válida, coerente e esportista que poderia acontecer era a vitória de qualquer um, menos da Ferrari. Como eu disse anteriormente, até mesmo os mais apaixonados torcedores ficam incomodados com atitudes da escuderia italiana, que fugindo um pouco da tradicional emotividade latina, decide por ser racional na competição. Se decidirem perder honrosamente, com lágrimas e suor; pode me dar de presente um boné vermelho que aceitarei com maior gratidão.
Enquanto isso, nós ficaremos emocionados com quem realmente se emociona; nós ficaremos orgulhosos em ver um esporte que se decide dentro das regras “ocultas da competitividade”; não de argumentos maliciosos e ocultos de falhas intencionais do regulamento. A ética não é mecânica, mesmo na F1. Ela, de agora em diante, tende a ser apenas braço.
Para o orgulho de todos.
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Foto: Portal Sport TV - Blog Marcelo Barreto
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