quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amistoso sem graça



Enfim um grande jogo. Quer dizer, uma esperança de grande jogo. Um Brasil e Argentina é sempre uma coisa além do normal. Não precisa valer taça, nem qualquer coisa; por si o jogo diz muito. Por isso, tanto Mano Menezes quanto Sérgio Batista, sabia que fazer uma boa apresentação contra o rival era carimbar um bom desempenho do treinador brasileiro e uma ótima estréia do argentino, que chegou com o peso de substituir o ídolo Maradonna.

O primeiro tempo foi interessante, mas era visível se tratar de um amistoso. E por mais leveza que a palavra possa ter, ela carrega algumas características comuns a todos os jogos desse tipo: desentrosamento, muitos erros de passes e o famoso “freio de mão puxado”. Não é realmente uma final de campeonato, mas se esperava um pouco mais no primeiro tempo.

A Argentina teve algumas alterações em relação a participação na Copa. Messi novamente como o craque do time, de quem ainda se espera uma ótima apresentação na seleção. Do outro lado, o Brasil com muitas modificações, mas com um time com a cara do Mano. No entanto com uma diferença substancial: a presença de Ronaldinho Gaúcho. Ignorado pelo Dunga, esperava-se com ansiedade sua convocação. E durante toda sua apresentação nós ficamos também no aguardo de uma grande jogada.

Em seu lugar entrou Douglas, que é um bom meia-amador, mas como acontece com todos os jogadores dessa posição, precisam de pelo menos vinte minutos de adaptação; para acordarem e enfim fazer uma boa jogada. Boa jogada que não aconteceu em nenhum momento. É claro, num time com tantos craques, o jogo não foi ruim; mas se esperava muito mais de todos em campo.

A ousadia de Mano não existe, ele é um treinador que adora a segurança. Quando o time se sente seguro o bastante, ele solta um volante; um lateral e assim por diante. Sérgio Batista sabendo que um empate seria ótimo, diante de uma tradicional seleção, também decidiu por manter o time mais na defensiva. Se me perguntassem sobre qual o resultado mais justo, diria que uma vitória magra do Brasil. Ao mesmo tempo em que foi o único time que procurou o placar, também não foi de maneira eufórica e explosiva. Ou seja, não fez uma pressão enorme contra a Argentina, apesar de ter jogado melhor.

Do lado da Argentina, por incrível que possa parecer minhas palavras, uma seleção inferior tecnicamente. Tirando o Messi, pouco se vê de criatividade no meio de campo ou no ataque. Pior ainda, uma defesa não tão boa tecnicamente. E mesmo assim, Messi não faz metade na seleção do que faz no seu clube. Do meio do jogo em diante, uma maior apresentação de Douglas, com lançamentos e algumas jogadas. Para todos nós, era visível que, apesar de ser um time muito superior; estava visivelmente cansado.

E foi bem no final do jogo, quando tudo parecia ir para a calmaria de um empate sem graça; que enfim um craque aparece. Se não foi brilhante tecnicamente, se a criatividade parecia não ter passado nem perto do estádio, eis que Messe decide o jogo para a Argentina: um golaço que marca a primeira derrota do técnico Mano Menezes e o brilhante começo de Sérgio Batista.

Enfim, para os brasileiros as questões continuam: Ronaldinho vai brilhar ainda? Essa falta de ousadia do Mano é uma marca? Nada disso pode ainda ser questionado, pois o jogo foi apenas um jogo: sem sal nem açúcar.

Mas é sempre bom perguntar.

2 comentários:

Mario disse...

Vitória argentina após cinco anos de freguesia. Não vi lances, só o gol. Ainda estou com a impressão do jogo contra os EUA. Tomara que Mano não vire retranqueiro.

Bianchini disse...

Jogo sem sal nem açúcar foi uma bondade enorme... que negócio sonolento!