sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Futebol de Resultado: O poder de uma bola!



Reinauguro minha coluna no Patativa da Bola depois de um show de horror. Corinthians versus Ferroviário do Ceará. Mando de campo invertido na prática para jogo decisivo pela Copa do Brasil. Na teoria Corinthians passaria fácil. Não foi bem assim que aconteceu: de um lado um time jogando a vida, do outro um time com cara de fase preparatória. Assim como acontece em jogos regionais, o fino da bola é algo irregular no aspecto tático, técnico e estético. Um jogo horroroso onde o visitante deveria ter mais sorte. Talvez mais cabeça também, evitando facilitar a vida do Corinthians ao querer mandar o jogo junto à torcida adversária: Money, get away. Resultado foi um empate medonho com cara de derrota.

Cheguei ao tema desse texto exatamente por uma análise crítica do que é ser torcedor nos dias de hoje. Afinal de contas, não é a primeira vez que me vejo olhando para o resultado, placar e regra da competição para me orgulhar do meu time. Passamos para a segunda fase! Não deu zebra. Deu a lógica. Que felicidade a minha passar cada etapa e descobrir que ainda estamos brigando pelo título. Futebol é isso? Passou a ser. Infelizmente. Não sei quando começou essa tendência de futebol por resultado, só sei que é fiel a proposta de jogadores, treinadores e dirigentes. Estamos todos no mesmo barco e todos soltam fogos quando um time se classifica, mesmo por vias tortas. A pergunta que fica na cabeça do torcedor é uma pergunta filosófica, um modelo ético a ser seguido: quer o seu time campeão ou quer o seu time jogando bem? 

Talvez seja a Síndrome de Sarriá. Sofro disso. Minha geração sofre disso. É quase como um torcedor bipolar. Na minha inconsciência queria meu time goleando, tabelas maravilhosas e uma zaga segura. Na minha inconsciência eu olho meu time classificado. Jogos ruins justificam os meios. O inconsciente nunca sabe se o que é bom é realmente certo? Um dos desconfortos da síndrome é exatamente chorar pela eternidade pelo leite derramado. Prefiro sorrir a inconstância que amargurar a segurança. Classificado, sabe o que significa isso? Significa que daqui alguns dias pouco importa o jogo. Sempre será assim, com jogo roubado, com resultado duvidoso e com partidas horrorosas. A estatística e a justiça são cegas no futebol, a razão ainda mais.

Corinthians tem mostrado essa artimanha do futebol desde quando subiu para a primeira divisão e por isso ganhou mais do que devia. De todos os títulos, poucos foram conquistados por jogadores maravilhosos. Somos a cura de 1982! O futebol brasileiro deve se render ao seu próprio amadorismo. Deve se render ao resultado proposto pela equipe alvinegra! É certo que queria meu time como Santos de Pelé. Queria meu time com classe do Corinthians de Sócrates. Queria meu time como a Academia Alviverde. Queria meu time soberano como São Paulo! Mas esse futebol não existe mais, pois ele faliu juntamente com a Seleção Brasileira de Zico, Falão entre outros. 

Esse futebol sonhado pelos torcedores não é mais coisa brasileira, por isso patinamos na Libertadores, Copa e etc.. Qual a seleção brasileira que faz brilhar os olhos? Nenhuma, meus caros! Porque achamos que o nosso futebol é o melhor do mundo. E sabe quando nosso futebol encherá nossos olhos? Quando enfim descobrirmos o poder de uma bola! Um jogo por uma bola! As conquistas amargas por uma bola!


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