Olá leitores!
Acabou! A disputa pelo título de 2018 se encerrou neste
domingo, quando com um 4º lugar Lewis Hamilton conquistou seu 5º campeonato
mundial de Fórmula 1, igualando-se a Juan Manuel Fangio e ficando atrás apenas
de Michael Schumacher. Não por muito tempo, creio, pois a marca de 7 títulos é
facilmente alcançável em se mantendo essa dominância dos carros da Mercedes e a
ausência ou incompetência da concorrência em fazer frente aos alemães. A tarefa
de alcançar o quinto título foi facilitada pela ausência de disputa interna na
equipe (Valtteri Bottas mostrou-se um novo Riccardo Patrese ou Gerhard Berger,
um cidadão que nasceu para ser segundo piloto) e pela incapacidade do Sebastian
Vettel de se concentrar na segunda metade do campeonato para pilotar sem
cometer erros. Analisando apenas a temporada de 2018, não seria possível
encontrar muita diferença entre Vettel e Grosjean, o que definitivamente não é
um elogio ao Grosjean mas uma crítica ao Vettel.
Vitória de Max Verstappen, mais do que merecida após uma das
corridas mais brilhantes do garoto, que com sua 5ª vitória se tornou o piloto
com maior número de vitórias a nunca fazer uma pole position... esse momento
chegará, quase chegou nesse final de semana e não aconteceu pois Ricciardo
encontrou uma volta voadora no Hermanos Rodriguez. Falando em Daniel Ricciardo
(17º)... 9 voltas para o final, enfim retornando ao pódio, e o carro quebra
novamente. Declaração após retornar aos boxes: “não quero mais dirigir isso,
deixa o Gasly assumir”. Momento mais do que compreensível de revolta, diga-se
de passagem.
Em 2º e 3º a dupla da Ferrari, respectivamente Sebastian
Vettel e Kimi Räikkönen, que após as chances de título irem para o vinagre
aparentemente correram com menos pressão sobre os ombros e – espanto! – não cometeram
erros. Correram como deveriam ter corrido em pelo menos metade das corridas desse
ano... enfim, agora é trabalhar para 2019.
Em 4º e 5º lugares vieram os pilotos da Mercedes,
respectivamente o pentacampeão Lewis Hamilton e seu escudeiro Sancho Pança,
digo, Valtteri Bottas, sendo que Bottas conseguiu chegar uma volta atrás do
Max... dou os parabéns para o Hamilton, pela marca histórica conseguida, e nem
sei o que dizer do Bottas.
Em 6º, como “melhor do resto”, chegou Nico Hülkemberg,
conseguindo um bom resultado para a Renault em uma pista exigente para motores
e freios, resultado diametralmente oposto ao do seu companheiro Carlos Sainz
Jr., que com o abandono logo no começo acabou em um decepcionante 19º lugar.
Em 7º terminou aquele que deve ser o novo pesadelo do
Vettel, Charles Leclerc, conseguindo mais um grande resultado com seu Sauber.
Aliás, para alegria da equipe suíça, os dois carros terminaram na zona de
pontos, com Marcus Ericsson cruzando a bandeirada em 9º lugar, um resultado que
não deixa de ser impressionante.
Impressionante mesmo, entretanto, foi o 8º lugar de...
Stoffel Vandoorne! Sim, ele conseguiu levar o McLaren projetado para o estilo
de pilotagem do Alonso à zona de pontuação! Pena que a fraqueza do carro no
geral tenha “queimado” as chances dele na categoria, pilota muito bem, apenas
não teve equipamento para demonstrar isso... seu companheiro, a “prima donna”
Fernando Alonso, foi o primeiro a abandonar, com problema no sistema de
refrigeração.
Fechando a zona de pontos chegou Pierre Gasly e seu Toro
Rosso Honda, mostrando que os japoneses estão evoluindo e que talvez o problema
dos anos anteriores não fosse apenas o motor, mas também o carro mal projetado
da McLaren... seu companheiro Brendon Hartley fez um honesto 12º lugar.
Próxima etapa, GP de Interlagos, no dia do meu aniversário
(11/11), e sinceramente gostaria que a Ferrari me desse uma vitória de
presente... será que estou pedindo demais? Esse ano creio que sim...
Mas o final de semana do esporte a motor não foi apenas o
título do Hamilton... tivemos na Austrália a quebra do jejum de um ano e quatro
meses sem vitórias da Yamaha, facilitado pelo enrosco entre Zarco e Márquez, e
aí Maverick Viñalez teve a competência de superar uma largada abaixo do
esperado, escalar o pelotão e enfim ter caminho livre para liderar a prova com
relativa tranquilidade enquanto (literalmente) o couro comia atrás dele, com
uma renhida disputa entre as duas Ducati oficiais (Dovizioso e Bautista,
substituindo o operado Lorenzo), as Suzuki de Alex Rins e Andrea Iannone e a Yamaha do Valentino Rossi, que
definitivamente encantou o público. O resultado final mostrou o quão
interessante pode ser uma corrida sem o “extraterrestre” Márquez, com Viñalez
de Yamaha em 1º, Iannone de Suzuki em 2º, Dovizioso e Bautista com suas Ducati
em 3º e 4º, Alex Rins de Suzuki em 5º e Valentino Rossi de Yamaha em 6º. Sem
contar a disputa em si, que não dá para descrever no texto...
Foi disputado pelo WRC o Rali da Catalunha, em que todos
esperavam um destaque para a acirrada disputa pelo título entre Sebastian
Ogier, Thierry Neuville e Ott Tänak, mas quem roubou a cena foi um piloto
convidado... o ET Sébastien Loeb, eneacampeão da categoria e oficialmente
afastado do Mundial de Rali há 6 anos, tendo feito apenas participações
esporádicas e ultimamente se dedicando ao Rallycross, que disputou a etapa como
convidado pela Citroën... e venceu! Quando digo que o cidadão não é desse
planeta, é disso que estou me referindo... foi acompanhado no pódio pela dupla
da Ford, Ogier em 2º e Evans em 3º, com Neuville tendo que se contentar com o
4º lugar e Tänak com o 6º. Agora, tecnicamente a disputa do título está entre
Ogier (204 pontos) e Neuville (201), que farão um jogo de xadrez sobre cascalho
na última prova da temporada na Austrália. Tänak ainda pode ser campeão, mas
com 181 pontos precisa de uma hecatombe atingindo os outros dois
competidores...
Também tivemos corrida da NASCAR na pista que menos gosto no
calendário, Martinsville, com a vitória do piloto que menos gosto na categoria,
Joey Logano, vencendo da forma que ele vence a maioria das corridas: dando
toque no primeiro colocado na última volta. Enfim, já que a categoria é
leniente com esse tipo de comportamento na última volta (não quero dizer que
sou CONTRA os toques, o contato faz parte do universo das corridas de turismo,
mas toque na última volta não é exatamente um exemplo de ética e/ou
honestidade) ele está classificado para a disputa do título em Homestead. O
primeiro segmento foi vencido por Denny Hamlin, e o segundo por Logano. A duas
voltas do final, em uma disputa limpa, Truex Jr. emparelhou com Logano e o
ultrapassou ao receber a bandeira branca indicativa da última volta... o #78
foi um pouco ingênuo de achar que o #22 não faria uma manobra como a que fez,
especialmente em um oval curto que requer fortes freadas como Martinsville.
Enfim, não me surpreendeu. Atrás do Logano chegaram Denny Hamlin em 2º lugar,
Martin Truex Jr. em 3º, Kyle Busch em 4º e Brad Keselowski em 5º. Semana que
vem a corrida é no rapidíssimo oval de uma milha e meia do Texas, ótimo lugar
para mandar o #22 para o muro...
No Brasil tivemos a etapa final da Copa Sudeste da Copa
Truck em Curvelo (MG), e foi uma pena perceber que a mais recente pista
nacional já se encontra visualmente em estado de abandono, com terra nua onde
poderia haver grama, mato relativamente alto... menos mal que o espetáculo para
o público foi muito melhor que as condições de conservação do autódromo, certo que
auxiliado pela razoável quantidade de punições por excesso de fumaça na
classificação, que fizeram pilotos com caminhões velozes largarem na parte de
trás do pelotão. E quem se deu bem neste domingo foi Felipe Giaffone (VW), que
não tinha chances de ser campeão da Copa Sudeste e acelerou sem preocupações
para vencer as duas corridas. Na primeira foi acompanhado por Régis Boessio
(Volvo) em 2º lugar, Danilo Dirani (Mercedes) em 3º, Witold Ramasauskas (MAN)
em 4º e Beto Monteiro (Iveco) fechando o Top-5. Na segunda prova subiu ao
degrau mais alto do pódio em companhia de Wellington Cirino (Mercedes) em 2º, Danilo
Dirani (Mercedes) novamente em 3º, André Marques (Mercedes) em 4º e Leandro
Totti (Scania) em 5º lugar. Com um 7º lugar na primeira prova e o 4º na
segunda, mais os bons resultados obtidos na etapa de Interlagos em maio, André Marques
foi o campeão da Copa Sudeste e habilitou-se para a disputa do título da Copa
Truck na última corrida do ano em Curitiba, 02 de dezembro. Estão classificados
para a grande final, por ordem de pontuação do maior para o menor, André Marques,
Roberval Andrade, Felipe Giaffone, Wellington Cirino, Giuliano Losacco e Renato
Martins. A disputa promete ser empolgante...
Durante a semana saiu um comunicado do piloto Robert
Wickens, aquele que sofreu gravíssimo acidente em Pocono e escapou da morte
pois não era chegada a hora dele, que para não perder o costume foi
pessimamente traduzido no Brasil... ele comunicou que vem postando pequenos
vídeos dele movimentando as pernas, mas que não consegue ficar em pé sozinho,
empregando a palavra “paralysed”... ou seja, está paralisado, mas consegue
sentir as pernas e efetuar pequenos movimentos, abrindo caminho para uma melhora
a médio e longo prazo. O que lemos em português? Que ele estaria paralítico...
não, gente, ele não escreveu “paralytic”, escreveu “paralysed”, uma coisa é
diferente de outra... enfim, continuam os votos que ele tenha uma bem sucedida
recuperação e volte a andar (nem precisa voltar a pilotar, voltar a andar após
um acidente daqueles já está de ótimo tamanho).
Por fim, cabe-me manifestar minha preocupação pelo futuro do
autódromo de Interlagos, já que o mesmo elemento que quando na prefeitura de
São Paulo queria vender o autódromo para a construção de prédios foi eleito,
graças à Síndrome de Estocolmo coletiva que afeta a população do estado de São
Paulo, como governador do estado. Infelizmente parece que automobilismo é um esporte
intelectual demais para a baixa capacidade cerebral do habitante mediano do
estado, pelo que renovo a campanha “vá conhecer Interlagos antes que vire
condomínio”, condomínio esse que parece ser o desejo inclusive de uma parcela
considerável de pessoas que DIZEM da boca para fora que defendem o
automobilismo, mas votam em um elemento desses. Poderia dar nome a alguns bois,
mas deixarei para lá... ainda sonho em me mudar para a Argentina, lugar de
gente que ama o automobilismo e que ao invés de destruir autódromos constrói
novos e reforma os antigos. Além disso, possuem vinhos, churrasco e doce de
leite melhores que os brasileiros.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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