Olá leitores!
A coluna sobre o GP da Espanha foi muito difícil de
escrever. Afinal, é complicado fazer um bom texto com uma matéria prima TÃO
ruim. Se juntar os melhores momentos da corrida, vai lembrar as épocas dos GPs
da Coréia ou a primeira corrida em Baku. Teve o salseiro na primeira volta
provocado pelo Grosjean (que voltou ao passado), 2 ou 3 disputas do meio para
trás do pelotão e a vergonha alheia causada pela Williams. Devia ter posto a
corrida para gravar, assim eu teria um bom remédio para quando perdesse o sono
de madrugada.
Vitória incontestável do Lewis Hamilton, que deve ter tido
uma das vitórias mais fáceis da carreira, embora negue isso perante as câmeras
e microfones de todo jeito. Foi acompanhado no pódio pelo seu companheiro de
equipe Valtteri Bottas em 2º, em um final de semana perfeito para a Mercedes,
que foi absoluta.
Em 3º chegou Max Verstappen, auxiliado por uma estratégia
inteligente e um carro que consome pouco os pneus, além da tradicional
habilidade ao volante do garoto (que, não canso de repetir, é muito, mas muito
superior ao que o pai foi como piloto). Inclusive mostrou que aquele monte de
aletas na asa dianteira não adiantam para muito mais coisa do que enfeiar o
carro, já que perdeu a ponta da asa esquerda e o carro continuou rápido. Seu
companheiro Daniel Ricciardo terminou em um bom 5º lugar, e foi interessante
ver que no meio da corrida eles até disputaram posição, mas com muito menos
ímpeto que nas provas anteriores. Digamos que a “conversa” após o Azerbaijão
deve ter sido interessante...
Em 4º terminou Sebastian Vettel, que viu Hamilton aumentar
significativamente sua vantagem no campeonato por conta de um carro que não
gastava pneus, esbanjava pneus, e poderia ter sido ainda pior se não fossem as
intervenções do safety-car, seja real, seja virtual. 4º lugar foi ruim, mas
poderia ter sido ainda pior. Não basta o estrategista da Ferrari viver
homenageando a tradição militar italiana pós unificação do país, ainda o carro
não cooperou. Difícil tentar lutar pelo título assim. Já Kimi Räikkönen (17º)
abandonou por perda de potência na unidade de força (não se sabe se foi motor,
MGU, MGK, ou sei lá qual dessas tranqueiras elétricas que compõem o motor).
Em 6º lugar, já 1 volta atrás do líder, terminou Kevin
Magnussen, conquistando um belo resultado para a Haas e dando à equipe um
motivo para sorrir após a lambança protagonizada pelo seu companheiro de
equipe, Romain Grosjean, que voltou aos seus tempos de início na categoria e...
deve ter tido pane cerebral. É a única explicação que encontro para ele tentar
corrigir uma derrapagem nos moldes do que é feito em ovais na Indy, na primeira
volta de uma corrida de F-1. Não me arrisco a escrever o que passou na cabeça
do francês, mas provavelmente foi uma palavrinha de 5 letras de significado
universal entre as línguas latinas...
Um excelente 7º lugar para Carlos Sainz Jr. perante sua
torcida, e um grande resultado para a Renault. Defendeu-se com maestria dos
ataques do experiente Alonso, pelo que sua corrida pode ser classificada como
ótima. Seu companheiro Nico Hülkemberg, comprovando a minha afirmação de ser o
mais azarado piloto da atualidade, foi envolvido na lambança do Groselhão,
digo, Grosjean.
Em 8º terminou o ídolo local Fernando Alonso, arrancando
mais uma vez um desempenho que seu carro McLaren não tem para oferecer. Seu
companheiro Stoffel Vandoorne (15º) abandonou no final da prova, mostrando que
a McLaren efetivamente evoluiu, eles já não precisam da Honda para sair da
prova... segundo o piloto, provavelmente foi o câmbio que disse adeus.
Em 9º chegou Sérgio Perez, que sobreviveu ao acidente do
Romain, ao atropelamento de detrito deixado na pista pelo Verstappen e a
vibrações na suspensão para conquistar dois suados pontos. Heroico. Seu
companheiro Esteban Ocon abandonou com problemas no motor, uma punição a mais
após um pit stop muito lento... dia para esquecer.
Em 10º lugar, encerrando a zona de pontos, o garoto Charles
Leclerc, arrancando da Sauber – Alfa Romeo um desempenho que o carro não tem e
mostrando o acerto da Ferrari em investir na sua carreira. Bela apresentação,
diga-se de passagem. Seu companheiro Pierre Gasly também foi vítima do
Grosjean. Uma pena, pois poderia ter terminado em boa posição.
Próxima etapa, último domingo do mês, em Monaco. Vamos ver o
que o “jênio” do estrategista da Ferrari está aprontando para a etapa...
Mas o final de semana não se resumiu à F-1. Em Indianapolis
tivemos no sábado a corrida no circuito misto, em que pese o Bandsports, o
Canal do Tênis, ter anunciado a prova “ao vivo” no domingo... muito, muito
difícil ser fã de automobilismo na Bananalândia. Enfim, uma vitória com méritos
para Will Power, que dominou os treinos, fez a pole, e só não liderou de ponta
a ponta pois o garoto Robert Wickens (3º colocado na bandeirada final) fez tudo
o que estava ao alcance dele para arrancar essa vitória das mãos de Will. Chegou
a liderar com muita competência, mas no final da corrida o carro já não estava
com tanta saúde e cedeu o 2º lugar para o ótimo Scott Dixon, que fez uma
corrida excelente, por sinal. Wickens ainda defendeu seu lugar no pódio com
maestria perante um Sébastien Bourdais que o atacava com afinco. No tocante aos
brasileiros, em sua participação especial na temporada o Helinho Castroneves
foi o melhor, terminando a prova em um bom 6º lugar, 2º melhor carro com motor
Chevrolet da prova. Tony Kanaan foi 14º com o carro #14 e o garoto Matheus Leist
ficou sem combustível no final (ah, essa equipe Foyt...) e não passou de um
fraco 21º lugar.
Também no sábado, mas ao entardecer, tivemos a largada da
corrida de 400 milhas no Kansas, que confesso que não foi das mais empolgantes
no geral, mas que teve um final muito bom e que premiou o público que não
desistiu da corrida no meio (quando estava verdadeiramente chata) e que
provavelmente só não estava cochilando nas arquibancadas por conta da
adrenalina da forte batida protagonizada por William Byron, que perdeu apoio
aerodinâmico ao lado do Clint Bowyer, derrapou, e após encostar na traseira do
Bowyer, fazendo este rodar, o carro #24 acabou indo em direção ao muro em um ângulo
aproximado de 60°, levantando a traseira do carro por ocasião do choque e aterrissando
sobre o capô do carro do Ryan Newman, que não teve a menor chance de desviar.
Todos saíram andando dos carros, mas plasticamente falando o acidente
impressionou, e forçou a direção de prova a interromper a corrida para poderem
limpar a pista em regime de bandeira vermelha, afinal um bocado de óleo ficou
espalhado pela pista. O primeiro estágio foi vencido por Ryan Blaney, que não
muito após a largada do 2º estágio (ou seja, com cerca de 1/3 ou menos de
corrida) quis se defender muito agressivamente da ultrapassagem do Kyle Larson,
acabou tocando lateralmente o carro dele e furou o pneu dianteiro direito antes
da entrada da Curva 1, sofrendo em consequência disso uma batida de razoável
proporção que acabou com a sua corrida – que até então era bastante promissora.
Mesmo com o carro danificado, Kyle Larson venceu o 2º estágio e ainda cruzou a
bandeirada final em 4º lugar, prova que a máquina estava muito veloz... e que
talvez pudesse ter vencido. A vitória foi conquistada no final, com uma disputa
emocionante entre o vencedor Kevin Harvick (sua 5ª vitória essa temporada) e o
2º colocado e atual campeão Martin Truex Jr., que vendeu a liderança muito caro
para o Kevin. Em 3º chegou Joey Logano em em 5º ficou Denny Hamlin. Entre os 12
primeiros colocados, 6 Ford, 4 Toyota e apenas 2 Chevrolet. Definitivamente a
marca da gravatinha não está bem essa temporada...
Também tivemos etapas do Mundial de Superbike em Imola,
pista que viu Jonathan Rea vencer no sábado e no domingo e dar um enorme passo
para o 4º título em sequência. Com esses dois triunfos, Rea igualou o recorde
de vitórias na categoria (59), que
pertencia a Carl Fogarty e deve ser ultrapassado na próxima etapa, em Donington
Park. No sábado ele foi acompanhado no pódio pelo seu companheiro de equipe Tom
Sykes em 2º e por Marco Melandri em 3º, e no domingo por Chaz Davies em 2º e
Tom Sykes em 3º. Detalhe: no sábado Rea largou em 9º e no domingo largou em
6º... é um piloto realmente diferenciado na categoria.
Este final de semana também tivemos uma das competições mais
desafiadoras do automobilismo atual, as 24 Horas de Nürburgring, no traçado
completo. Isso mesmo, a pista de F-1 mais o Nordschleife, somando uma “pequena”
volta de 25.378 metros. Sim, leitores, mais de 25 quilômetros de extensão e bem
mais de 100 curvas ao total. Com o detalhe que, se a pista “moderna” tem as
larguras e áreas de escape padrão da atualidade, o Nordschleife costuma ter
cerca de 7 metros de largura, em alguns trechos um pouco menos... e após 24
horas de muita disputa, com pelo menos metade da prova sendo “brindada” por São
Pedro com uma considerável chuva (e uma bandeira vermelha na manhã de domingo
por absoluta falta de visibilidade, culpa de uma neblina padrão Interligação
Anchieta – Imigrantes que caiu sobre a pista e acabou com a visibilidade de
todos) a vitória ficou com um Porsche 911 GT3R (Manthey Racing), seguido por
dois Mercedes AMG GT da equipe Black Falcon.
Também em Nürburgring, e também envolvendo a pista completa,
aconteceram na sexta-feira e no sábado as corridas do WTCR, categoria de
automobilismo raiz em uma pista absolutamente raiz. Na sexta, vitória do
experiente Yvan Muller, seguido pelo atual campeão Thed Björk e pelo Robert
Huff. Na corrida 2 (a primeira do sábado) a vitória ficou com o competente Esteban
Guerrieri, seguido por Pepe Oriola em 2º e Frédéric Vervisch em 3º, ao passo
que na prova final o topo do pódio ficou com Thed Björk, seguido por Vervisch
em 2º e Yvan Muller em 3º. Pena que isso tudo não passa na TV aqui na Bananalândia...
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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