Olá leitores!
Mais uma vez, a corrida em Baku acabou sendo interessante
por conta dos acidentes que levaram a entrada do safety car... por um lado,
isso resolve o problema de chatice na corrida, por outro leva a pensar que, se
fosse no regulamento de 30 anos atrás, a corrida seria absolutamente
soporífera... mas, enfim, o que valeu foi que assistimos uma boa corrida.
Hamilton tem que agradecer muito à dupla da Red Bull por salvar o final da
prova, pois sem o último safety car provavelmente as mexidas no pelotão da
frente seriam menos pronunciadas. E Vettel pagou o preço de ter de se manter na
pista mais tempo com pneus duros o suficiente para não aquecerem direito no
frio do Cáucaso. Esse era o tipo de pista para fazer o que a Red Bull planejou
fazer: esticar os supermacios o máximo que desse, para em seguida fazer dois
“stints” com os ultramacios – ou, dependendo do carro, apenas um, já que não
acredito que com o frio que fazia e com a pouca abrasividade do asfalto eles
iriam se desgastar muito. Enfim, estratégia covarde obriga o piloto sempre a
andar no fio da navalha, o que aumenta a probabilidade de erros. É o tipo de
coisa que nos anos 80 dificilmente aconteceria, mas hoje o software de
simulação manda e o piloto não tem personalidade para dizer que não quer.
Enfim... e o momento bizarro da corrida foi o choque entre os dois carros da
Red Bull. Pela disputa renhida entre os dois pilotos, era mais ou menos
previsível o que aconteceu, mas certamente a equipe não sonhava que aquilo iria
acontecer. Culpa? Se formos complacentes, culpa de ambos. Mas não vou entrar na
lógica de motorista de uma parte considerável da imprensa dita especializada do
Brasil que afirmou categoricamente que “a culpa foi do Ricciardo pois ele bateu
por trás”. Meus sais, cadê meus sais... pior que esse povo recebe dinheiro para
proferir esse tipo de besteira (a palavra inicial não foi bem essa que eu
pensei, mas em respeito a vocês, caros leitores, não a escreverei). De maneira
sutil, mas “Mad Max” fez aquilo que ele faz desde o início da carreira: espera
o piloto de trás movimentar o carro para vir e fechar a porta. Uma hora daria
errado (substitua errado pela palavra de baixo calão que você achar mais
apropriada para descrever o resultado final), e a FIA apesar de proibir de
mudar mais de uma vez a trajetória na defesa de posição continua passando a mão
sobre a cabeça do Clay Regazzoni com grife, digo, do Max Verstappen.
Vitória surpreendente de Lewis Hamilton, que não disputou
seriamente a liderança a prova toda, primeiro acompanhando a certa distância
Vettel e depois seguindo Bottas, mas como não desistiu de pressionar a prova
toda, quando Vettel errou na Curva 1 ele estava próximo o suficiente para
passar o alemão, e depois quando o Bottas furou o pneu ele apenas teve de se
manter afastado do Kimi para subir ao degrau mais alto do pódio e assumir a
liderança do campeonato. Que, pelo perfil das próximas corridas, a maioria
favorável à Mercedes, começa a se desenhar para um pentacampeonato do Hamilton.
Afinal, campeonatos não são necessariamente decididos nos acertos, mas no menor
número de erros. E até esse momento a Ferrari errou mais do que a Mercedes. Seu
companheiro Valtteri Bottas (14º) tinha a corrida no colo, até em uma das retas
mais largas da temporada passar exatamente sobre um pequeno detrito na pista,
que furou seu pneu e o obrigou a abandonar a prova. Definitivamente, aí está um
piloto sem estrela. Muito bom, mas... quando chega no momento da vitória,
alguma coisa acontece.
Em 2º chegou Kimi Räikkönen, resultado relativamente
surpreendente para quem se enroscou e quebrou o bico do carro logo na primeira
volta, mas como ele acelerou bastante e à frente dele o pessoal se enroscou
sozinho, acabou sendo um prêmio. Não acredito que ele tivesse terminado à
frente dos dois Red Bull, muito menos do Bottas e do Vettel. Só aí já foram 4
posição que ganhou de graça. Entretanto, um componente necessário do esporte é
a sorte, e o finlandês a teve esse domingo. Seu companheiro Sebastian Vettel
(4º) fez a pole, liderou a maior parte da corrida, mas se afobou no momento de
ultrapassar Bottas e ao invés de ganhar uma posição perdeu duas. Tinha carro
mais veloz que Bottas com pneus ultramacios, e mesmo que o pneu de Bottas não
furasse ele teria chance de ultrapassar na enorme reta de largada. Enfim,
espero que a perda da liderança no campeonato sirva para ele e sua equipe
traçarem melhor as estratégias, já que não adianta ser mais veloz e não
permanecer na frente no final da corrida...
Em 3º, repetindo seu melhor resultado (obtido, por sinal, nessa
mesma pista), chegou Sérgio “Checo” Pérez, para grande alegria no boxe da Force
India, que teve um começo de temporada bem abaixo do que se esperava. Mais um
que foi bafejado pela sorte e conseguiu um grande resultado. Seu companheiro
Esteban Ocon (20º) não passou da primeira volta, alvejado por um Kimi que, na
melhor das hipóteses, foi otimista demais na tentativa de ultrapassagem.
Em 5º terminou Carlos Sainz Jr., conquistando um belo
resultado para a Renault em um circuito em que ainda existe um degrau de
potência entre o propulsor Renault e os Ferrari e Mercedes. Menor que no
passado, é certo, mas existe. Fez uma grande largada, talvez uma das melhores
de sua carreira na F-1, e mesmo quando despencou para trás não desistiu nunca.
Um piloto em verdadeira curva ascendente. Seu companheiro Nico Hülkemberg (18º)
vinha em um bom 6º lugar quando tentou arrancar mais desempenho do carro que os
pneus permitiam naquele momento, derrapou com a traseira do carro e acertou a
traseira do carro no muro, sendo obrigado a abandonar a corrida. Pena, poderia
ter feito um grande resultado, mas previsível em se tratando do Chris Amon dos
tempos modernos, disparado o piloto mais “pé frio” da atualidade.
Em 6º lugar, para monumental alegria na terra do chocolate,
cofres e relógios, chegou o garoto monegasco Charles Leclerc com seu Sauber,
marcando os seus primeiros pontos na categoria. Correu muito bem desde o início
e mereceu o bom resultado. Seu companheiro Marcus Ericsson (11º) não teve uma vida
fácil esse domingo, se enroscando com o “pelotão do tiroteio” logo no começo da
prova e tendo que fazer uma prova de recuperação. Não deu para recuperar
muito...
Em 7º terminou Fernando Alonso, que logo no começo furou os
2 pneus do lado direito e teve que se arrastar até os boxes danificando o
sensível assoalho do carro. Poderia ter abandonado a prova, mas voltou para a
pista e foi presenteado com 4 pontos por essa persistência toda. Seu
companheiro Stoffel Vandoorne (9º) fez uma excelente segunda metade de corrida
e terminou a corrida bastante satisfeito.
Em 8º chegou Lance Stroll, conquistando os primeiros pontos
da Williams nesta temporada. Não que o carro esteja bom, mas os abandonos de
pilotos à sua frente ajudaram a chegar na zona de pontos. Com menos abandonos,
não acredito que conseguiria. Seu companheiro Serguei Sirotkin (20º) ficou pelo
caminho logo na primeira volta.
Encerrando a zona de pontuação chegou o Toro Rosso de
Brendon Hartley, muito feliz em marcar os primeiros pontos da sua carreira.
Grande apresentação, principalmente levando em conta a falta de velocidade
máxima do motor Honda nas longas, muito longas retas do circuito de rua. Seu
companheiro Pierre Gasly (12º) poderia ter feito melhor apresentação, mas se
enroscou logo após a última das relargadas e não foi possível pontuar.
Próxima corrida será em Barcelona, a pista oficial dos
testes coletivos pré temporada. Negócio é torcer por chuva ou acidentes que
tragam safety car, pois promete ser uma prova chata.
E F-1 não foi só o que tivemos de automobilismo esse final
de semana, no sábado aconteceu a etapa de Paris da F-E, com vitória de ponta a
ponta de Jean-Eric Vergne, que soube defender muito bem a vantagem obtida na
classificação para se tornar o mais provável candidato ao título dessa
temporada. Em segundo chegou Lucas Di Grassi, que melhorou na segunda parte da
corrida e foi beneficiado com o final da carga da bateria do André Lotterer,
garantindo um resultado mais condizente com o que apresentou na corrida, e
fechando o pódio chegou Sam Bird, com o carro danificado após estampar o
Lotterer que tentava fechar as portas a todo custo. Nelsinho Piquet abandonou
com problemas no carro.
Como nossos Hermanos argentinos são um povo que realmente
ama o automobilismo, eles receberam nesse final de semana o WRC, que teve como
novidade a vitória de Ott Tänak e seu Toyota Yaris, que dominaram os três dias
de competição, dando muitas poucas esperanças para o 2º colocado Thierry
Neuville (Hyundai i20), que terminou mais de meio minuto atrás. Fechando o
pódio, outro Hyundai, dessa vez pilotado por Daniel Sordo, que com essa posição
alcançou o 5º lugar na classificação do campeonato de pilotos. O líder da
pontuação, Sébastien Ogier, não passou de um 4º lugar.
E tivemos a esperada etapa de Talladega da NASCAR, com
aquilo que todo fã hardcore da categoria adora: um ‘Big One” que envolveu 14
carros e eliminou de cara metade dos atingidos
por ele, inclusive os vencedores dos dois primeiros segmentos, respectivamente
Brad Keselowski e Paul Menard. A vitória, após um tempo razoável, ficou nas
mãos de Joey Logano, seguido por Kurt Busch (com quem teve uma bela disputa
pela liderança) em 2º, o garoto Chase Elliott no único Chevrolet entre os 7
primeiros colocados (todos os outros usaram motor Ford) em 3º lugar, Kevin
Harvick em 4º lugar e fechando o Top 5 o carro #17 de Ricky Stenhouse Jr.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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