Olá leitores!
Reza a lenda que na fase romântica do automobilismo, aquele
recomeço após as agruras da Segunda Guerra Mundial, finzinho dos anos 40 ou
começo dos 50, um repórter teria se aproximado de um grupinho de 3 pilotos e
feito a seguinte pergunta: O que é preciso para um piloto ser campeão? O
primeiro respondeu que era preciso um ótimo carro. O segundo retrucou afirmando
que o carro era importante, mas se o piloto não fosse bom poderia alcançar
vitórias, mas não o título. O terceiro era o brasileiro Chico Landi, que teria
afirmado “Pois eu digo que um campeão precisa de 3 coisas: sorte, boa sorte e
muita sorte”. Pois bem, após o GP do Japão eu digo que Lewis Hamilton possui
essas 3 coisas. O GP da Malásia já tinha sinalizado, mas o do Japão escancarou
que Hamilton está com “sorte de campeão”, aquela fase em que rigorosamente tudo
dá certo. Como afirmei corrida passada, Lewis Hamilton campeão de 2017. Um
amigo me disse que “ainda tinha muita corrida pela frente, não está decidido
ainda, um azar do Hamilton e o Vettel está na parada”, ao que eu retruquei que
o Vettel teria que ter duas grandes sortes e o Hamilton dois grandes azares...
não, isso não seria possível, respondi. E aí está. A grande notícia do final de
semana foi o adeus de Jolyon Palmer, defenestrado pela Renault e um dos pilotos
mais inexpressivos a passar pela categoria nessa década. Vai embora sem deixar
saudades.
Vitória incontestável de Lewis Hamilton, que contou com o
abandono de Vettel e a presença de Alonso atrapalhando o avanço de Verstappen
quando esse se aproximava muito do inglês. Agora basta fazer mais 16 pontos
sobre Vettel e a disputa pelo título acabou. Acho que ele se sagra campeão no
México, mas pode ser também nos EUA, próxima etapa, dependendo da fase da
Ferrari... seu companheiro Valtteri Bottas (4º) assumiu sua postura de segundo
piloto, com a Finlândia hoje em dia tomando o lugar que era do Brasil até bem
pouco tempo como celeiro de segundos pilotos na F-1... tentou passar Ricciardo
no final, mas não foi bem sucedido.
Em 2º chegou Max Verstappen, em mais uma grande
apresentação, inclusive com direito a melhor largada do dia. Se o degrau de
potência entre o motor dele e o de Lewis fosse menor, poderia ter brigado pela
liderança. Seu companheiro Daniel Ricciardo (3º) não largou bem mas segurou com
maestria Esteban Ocon e Valtteri Bottas durante boa parte da prova, mereceu o
troféu pela habilidade em defender posição.
Em 5º chegou Kimi Räikkönen, que tentou fazer um início de
corrida ousado, mas acabou escapando na curva Spoon e caiu lá para trás.
Levando em conta as circunstâncias, não foi um mau resultado. Já Sebastian
Vettel (19º) perdeu o título por conta de uma vela de ignição que não deve
custar mais de 50 euros... enfim, agora é reduzir os danos e tentar salvar o
vice campeonato.
Em 6º e 7º chegaram os pilotos da Force India, pela ordem
Esteban Ocon (que fez uma das suas melhores corridas do ano) e Sérgio Pérez.
Dessa vez não bateram entre si pois a equipe deu ordem para não disputarem
posição... se não fossem tão burrinhos, quem sabe não recebessem essa ordem...
Em 8º e 9º outra dobradinha, dessa vez da Haas, pontuando
com os dois carros, na ordem Kevin Magnussen e Romain Grosjean. Dessa vez ambos
terminaram a prova elogiando o comportamento do carro, que nitidamente se deu
bem com o traçado de Suzuka e permitiu que mostrassem o real desempenho dele.
Nem mesmo os freios, ponto fraco da equipe, deram trabalho.
Em 10º chegou Felipe Massa, reclamando muito de problemas de
dirigibilidade da Williams e dos pneus. No final tomou um senhor sufoco do Alonso,
mas conseguiu se segurar à frente. Seu companheiro Lance Stroll (16º) acabou
abandonando por furo no pneu dianteiro nos esses atrás dos boxes, inclusive
quase acertando Ricciardo quando retornou à pista após o passeio na brita.
Deram sorte os dois...
Próxima prova no belo circuito de Austin, onde a Mercedes
deve nadar de braçada novamente, pelas características da pista. Vamos ver o
que acontece, mas acho pouco provável que a Ferrari consiga opor alguma
resistência.
Mas não foi só isso que tivemos esse final de semana. Sábado
na bela pista de Road Atlanta tivemos a tradicional (20ª edição) da Petit Le
Mans, prova final do campeonato da IMSA e a última das 4 etapas que compõem o
Campeonato Norte Americano de Endurance. E se na IMSA o título ficou com os
irmãos Taylor, Ricky e Jordan, no Endurance foi o quarto título de Christian
Fittipaldi e João Barbosa, que nessa prova contaram com a veloz presença de
Filipe Albuquerque completando o trio de pilotos. Foi uma ótima corrida,
transmitida na íntegra para o Brasil pelo Fox Sports 2 (quando é para meter o
pau eu faço, mas quando é para elogiar eu elogio sem problemas), que tinha
previsto uma interrupção para passar a prova da Xfinity Series em Charlotte,
mas como a chuva atrasou toda a programação eles fizeram 9 horas no canal
secundário e a última hora no principal, já que o secundário passaria (enfim) a
Xfinity, começando com várias horas de atraso. A única “mancha” na corrida
ficou por conta das punições distribuídas pela direção de prova na última hora
de competição, que retiraram das duas primeiras posições trios que tinham
pilotado de maneira muito aguerrida e mereceriam essas posições (Jan van
Overbeek/”Pipo” Derani/Bruno Senna e João Barbosa/Christian Fittipaldi/Filipe
Albuquerque) e colocaram no topo do pódio um trio com piloto norte americano (Scott
Sharp/Ryan Dalziel/Brendon Hartley). Além disso, as punições permitiram um
carro da estreante (e poderosa) Penske no pódio, em 3º. Coincidência? Talvez. Teoria
da conspiração? Pode ser. O que sei é que incidentes mais graves aconteceram
sem a direção de prova se mostrar tão rigorosa, mas enfim... atrás do carro #2
da Tequila Patrón/Nissan de Sharp/Dalziel/Hartley chegaram o #31 de Dane
Cameron/Eric Curran/Mike Conway e o Oreca LMP2 (os dois primeiros eram DPi) #6
da Penske, pilotado por Juan Pablo Montoya/Hélio Castroneves/Simon Pagenaud,
que se recuperou de uma série de problemas no começo da prova graças à
brilhante pilotagem do duo Montoya e Castroneves, que realmente fizeram a
diferença na pista (Pagenaud foi o ponto fraco da equipe) para saírem do último
lugar para o pódio. Além, claro, da ajuda da direção de prova e suas punições
questionáveis no final...
E já que estamos citando automobilismo norte americano, a
etapa de Charlotte dos playoffs (dessa vez transmitida ao vivo para o
Brasil...) acabou começando uma hora antes por decisão da direção de prova,
preocupada com a possibilidade de problemas meteorológicos como os da véspera,
que tanto atrapalharam a categoria de acesso. E no oval de 1,5 milha venceu o
grande especialista atual desse tipo de pista: Martin Truex Jr. não deixou por
menos, e mesmo sem ter vencido nenhum dos dois segmentos (milagre...) esteve na
liderança no momento certo, ou seja, na bandeirada final. Enganaram-se os que
acharam que ele não se recuperaria de uma má posição de largada, já que na
volta 234 de 334 previstas (a prova acabou indo até a 337, culpa de uma bandeira
amarela tardia) ele chegou à liderança com uma pilotagem de alto nível e uma sequência
de paradas para reabastecimento e troca de pneus perfeitas, com a equipe
Furniture Row sem cometer erro algum a prova toda. Nota 10 para piloto e
equipe, definitivamente. Em 2º lugar chegou o garoto Chase Elliott, mesma
posição em que terminou 3 das últimas 4 corridas. Em 3º talvez o piloto que,
fora Truex, mais merecesse vencer a prova: Kevin Harvick ganhou os 2 primeiros
segmentos, mas no final da corrida o carro não estava com tanta saúde assim e o
melhor que deu para ele foi o terceiro lugar – garanto que um 3º lugar com
sabor bem amargo. Completando o Top-5 terminaram Denny Hamlin em 4º e Jamie
McMurray em 5º. O momento de tensão pós corrida ficou com Kyle Busch (29º
lugar, 6 voltas atrás dos líderes), que se envolveu em acidente durante a prova
– acidente esse no qual a equipe, para colocar rapidamente o carro na pista
novamente, retirou uma placa interna que também serve de isolante térmico para
o piloto. Ele terminou a corrida com o carro bem remendado na traseira, desceu do
carro e simplesmente desfaleceu de calor na grama ao lado. A ambulância veio
atender, mas ele conseguiu após alguns minutos se levantar e entrar andando na
mesma. E ainda dizem que “pilotar em oval é fácil”...
Felizmente, mesmo com toda a turbulência política, foi
realizado o Rali da Catalunha, com vitória de Kris Meeke (Citroën),
aproveitando os azares de final de semana da equipe Hyundai, que tinha Andreas
Mikkelsen (estreando na equipe) na liderança no começo do sábado mas tanto ele
como Dani Sordo abandonaram após acertarem uma mesmo bloco de concreto na borda
da pista e quebrarem as suspensões dos carros. Ott Tänak (Ford) acertou o mesmo
bloco mas no caso dele requereu “apenas” a troca do câmbio, sem danos mais
severos. Já Thierry Neuville enfrentou diversos problemas de estabilidade de
manhã e ainda se atrasou fazendo reparos no carro num trecho de ligação. Acabou
abandonando no domingo, após quebrar a suspensão batendo em uma pedra e
complicando sua situação no campeonato, já que perdeu a 2ª posição nos pontos. Que
fase... em 2º chegou Sébastien Ogier (Ford), que com esse resultado deu um
enorme passo em direção a mais um título no WRC (o 5º consecutivo), novamente
entrando naquela questão da “sorte” que abordei com o Hamilton... completando o
pódio terminou Ott Tänak em 3º, novo vice líder do campeonato.
Até a próxima!
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