Olá leitores!
Tivemos um final de semana bastante movimentado no esporte a
motor, em que pese não termos tido etapa da NASCAR (sim, até eles têm o direito
de descansar em alguns poucos finais de semana...), mas eu diria que as outras
categorias compensaram essa pouco comum ausência...
Vamos para a categoria rainha, a Fórmula 1, que voltou das
férias de verão direto para o grande templo do automobilismo chamado
Spa-Francorchamps, em uma corrida que começou bem, teve uma parte central
sonolenta e um final que prometeu uma grande disputa que, na prática, durou
meia volta.
Vitória de Lewis Hamilton, não apenas porquê é uma pista que
favorece o melhor conjunto do carro da Mercedes, mas porquê é um piloto que
está mais com “sangue nos olhos” para alcançar o título. A maneira que ele
defendeu a posição e posteriormente abriu vantagem para Vettel mostra que ele
realmente está com vontade, com gana de buscar esse título. Com essa vitória a
desvantagem dele para Vettel diminuiu para 7 pontos, o que significa que se ele
vencer próximo final de semana em Monza e Vettel chegar em segundo, eles
empatam em pontos. Eu diria que a balança do campeonato passa a pender
fortemente para Lewis nesse momento. Ao passo que o inglês fez uma excelente
corrida, seu companheiro Valtteri Bottas (5º) foi decepcionante: poderia
tranquilamente ter chegado em 3º lugar, tinha carro e velocidade para isso, mas
na relargada a 11 voltas pro final não apenas não conseguiu acompanhar
Ricciardo como perdeu a posição para o compatriota Räikkönen (de contrato
renovado para o próximo ano). Depois da corrida, o básico: culpou os pneus.
Em 2º terminou Sebastian Vettel, que obteve um bom resultado
em uma pista que não favorecia a Ferrari, mas poderia ter dado mais trabalho
pro Hamilton nas voltas finais, posto que estava com pneus mais macios. Por
conta dos pneus tinha menos velocidade nas retas, e onde deveria ganhar tempo
(na parte sinuosa da pista) também perdeu tempo. Deu a impressão de um piloto
conformado... e pilotos conformados dificilmente ganham campeonatos. Vamos ver
se próxima semana, correndo perante a torcida italiana, o alemão se anima um
pouco. Seu companheiro Kimi Räikkönen foi para a pista feliz por ter renovado o
contrato com a Ferrari por mais um ano, e comemorou terminando num 4º lugar que,
se não foi o ideal, foi bom para um piloto que teve que cumprir uma punição de
10 segundos parado no box por uma bobagem sem tamanho: todo piloto da
atualidade sabe que, após o acidente terrível com Jules Bianchi, a Dona FIA
está mais chata (ainda) com a não observância da obrigação de diminuir a
velocidade em trechos com bandeira amarela. Pois bem, na saída da Radillon
tinha a bandeira amarela E a sinalização com luz amarela para diminuir a
velocidade. O que o Kimi faz? Passa de pé cravado no fundo, como se hoje em dia
ninguém na direção de prova tivesse acesso à telemetria dos carros... foi
punido, e bem punido.
Em 3º chegou o homem sorriso, Daniel Ricciardo, que
aproveitou bastante o período de férias da categoria (se não acreditam,
pesquisem no Instagram dele...) e voltou revigorado para fazer um trabalho
excelente com o carro da Red Bull, fazendo uma relargada primorosa e “jantando”
de uma vez o Bottas e o Kimi para garantir um pódio improvável para quem pilota
um carro que não tem motor Mercedes ou Ferrari. Ao final, agradeceu aos
torcedores do companheiro de equipe, que também torceram por ele. Falando do
companheiro de equipe, Max Verstappen (19º) era a definição dicionarizada da
palavra decepção. Mais uma vez no ano (a 6ª vez, para ser preciso) o carro
deixou ele na mão, após apenas 8 das 44 voltas da corrida. Aparentemente a
paciência dele acabou, pois já começou a comentar a hipótese de correr por
outra equipe... o problema seria: aonde? Para ano que vem, na Ferrari não deve
dar mais (Vettel ainda não renovou, mas deve ser anunciada a renovação por
esses dias). Mercedes dificilmente tiraria o Bottas, que é rápido mas não
incomoda o Hamilton, pela sensação holandesa, que esse sim seria uma grande
pedra na sapatilha de pilotagem do inglês (e do jeito que o Hamilton é estrela,
duvido que aceitasse). As outras equipes todas andam menos que a Red Bull...
deve ser só bravata de pós adolescente, mas vamos aguardar os próximos
capítulos, digo, as próximas quebradas.
Em 6º chegou o excelente Nico Hülkemberg, em uma das
melhores apresentações da Renault esse ano, numa pista em que cavalaria no motor
é fundamental e esse é um item na qual a fábrica francesa ainda está atrás dos
ponteiros (em que pese a diferença ter diminuído). Realmente um resultado
impressionante. Seu companheiro Jolyon Palmer (13º) surpreendeu na
classificação, indo para o Q3, mas como tinha uma punição de perda de 5 posições
acabou largando em 15º lugar. Para quem largou no meio do “tiroteio” e perdeu
um bocado de tempo andando encaixotado no tráfego de carros mais lentos, apesar
dos números não demonstrarem isso ele fez uma boa apresentação.
Em 7º terminou Romain Grosjean, que conseguiu um desempenho
bastante decente do seu Haas, que definitivamente se comportou melhor em ritmo
de corrida que na classificação. Isso não significa que o carro já esteja
pronto para disputar com as Force India, mas sem dúvida é um incentivo para a
equipe. Seu companheiro Kevin Magnussen (15º) poderia ter terminado nos pontos também,
mas na relargada abusou com os pneus e freios ainda longe da temperatura ideal
e perdeu o controle, indo parar na área de escape e caindo lá para trás...
acontece.
Em 8º, após ganhar 8 posições, chegou Felipe Massa, que se
classificou muito, muito mal mas que na corrida conseguiu um ritmo bom (para o
carro, vamos deixar bem claro) para um carro que perdeu desempenho do começo da
temporada para agora. Mesmo veredito para seu companheiro Lance Stroll (11º),
que fez uma corrida discreta mas eficiente.
Em 9º terminou um dos grandes personagens da corrida:
Esteban Ocon. Foi espremido duas vezes no muro pelo próprio companheiro Sérgio
Pérez (17º), que apenas não causou um acidente de grandes proporções (afinal,
naquele trecho os carros estão razoavelmente acima dos 200 km/h) porquê não era
o momento desse acidente acontecer. Tanto que ao final da corrida o chefão da
equipe, o Otmar, disse que os dois perderão, daqui até o final da temporada, o
direito de disputarem posição livremente. Já que não sabem se comportar como
adultos, terão tratamento de criança desobediente, simples assim. E Ocon disse
após a prova que “iria ter uma conversa de homem para homem com Pérez...
confesso que eu queria estar por perto para assistir a cena. E convenhamos, é
um negócio básico: se você vai bater rodas com outro piloto, que pelo menos
seja de outra equipe... não se bate no carro do companheiro de equipe, simples
assim, não tem o que discutir. Já não é a primeira vez que isso acontece, e
agora parece que conseguiram passar dos limites do ridículo.
Fechando a zona de pontuação (10º), chegou Carlos Sainz Jr.
Para um carro que mostrou deficiências na classificação não se esperava chegar
nos pontos, mas o garoto Sainz Jr. fez um ótimo trabalho e conseguiu levar o
carro para uma boa colocação. Disputou posições um bocado de vezes durante a
prova, então deve ter se divertido. Seu companheiro Daniil Kvyat (12º) não
conseguiu ponto mas deve ter conseguido se divertir, já que praticamente não
deixou de andar no tráfego a prova toda.
Próxima corrida será em outro templo sagrado da velocidade,
Monza, e acreditem, a torcida da Ferrari deve lotar a pista.
Mas vamos comentar de coisa boa, finalmente ouvimos
novamente o hino nacional do Brasil sendo tocado em um autódromo: o mineiro
Sérgio Sette Câmara, após ter pontuado pela primeira vez na corrida do sábado,
classificou-se para largar em 3º na segunda corrida do final de semana na
categoria F-2 (antiga GP2), mas logo na largada assumiu a primeira posição e a
manteve até o final, conquistando sua primeira vitória na categoria.
Infelizmente o resto da temporada dele não foi bom, e ele está apenas em 13º na
classificação, mas vitória é vitória... que outras mais venham por aí!
Praticamente esquecido pela mídia, tivemos mais uma edição
do Rali dos Sertões, onde nas motos (pela 7ª vez) a vitória ficou nas mãos do
ótimo Jean Azevedo, que aos 43 anos ainda é o grande nome do rali brasileiro da
atualidade. Na categoria carros, vitória da dupla Baumgart/Andreolli, repetindo
o feito de 2016. Entre os UTVs (aquele quadriciclo com fermento) o título ficou
com a dupla Bruno Varela/João Arana, ao passo que nos quadriciclos o vencedor
foi Diogo Zonato.
E no sábado à noite tivemos mais uma corrida da Indy, com o
retorno após mais de 10 anos do oval de Gateway – pista que ficou bem melhor à
noite do que durante o dia, diga-se de passagem. Sendo a última prova da
temporada em circuito oval, havia expectativa que Hélio Castroneves (que já
venceu lá) vencesse e desse um grande passo na direção do título, mas... não
foi bem isso o que aconteceu. Helinho andou bem, claro, mas deixou o motor do
carro apagar em uma das trocas de pneu e reabastecimento, e a chance de vitória
se foi ali. E o vencedor acabou sendo o piloto que demonstrou mais “sangue nos
olhos” durante as voltas finais, Josef Newgarden, que durante a disputa pela
liderança com Simon Pagenaud acabou “encontrando” um espaço que os outros
pilotos não encontraram, os dois carros se tocaram, Pagenaud caiu para a 3ª
posição, e Newgarden conquistou sua 4ª vitória na temporada, se consolidando na
liderança do campeonato, que agora, em termos práticos, está apenas entre ele e
Scott Dixon, que venceu a inferioridade do seu kit aerodinâmico Honda para
chegar em um ótimo 2º lugar, tendo resistido com maestria às tentativas de
Pagenaud o ultrapassar. Quem também fez um grande trabalho defensivo foi
Helinho, que terminou em 4º com o carro perdendo rendimento no final e sendo
fortemente ameaçado pelo Conor Daly, que conseguiu um excelente 5º lugar para a
modesta equipe de A.J. Foyt. Tony Kanaan foi o protagonista de uma das cenas
mais estranhas da corrida: rodou ainda na volta de apresentação e bateu com a
traseira no muro. Conseguiu voltar aos boxes com o auxílio da equipe de
resgate, ficou 3 voltas atrás dos líderes, e vinha se recuperando até que a
equipe, talvez antevendo que ele não conseguiria retornar à volta dos líderes,
o chamou pelo rádio e pediu que recolhesse o carro, terminando apenas em 16º
lugar.
E vamos ao grande espetáculo da manhã de domingo, a MotoGP.
Que corrida, senhoras e senhores!! Logo na largada “Il Dottore” puxou o
receituário e assumiu a ponta, e conforme a corrida se desenrolava a impressão
que ele seria o vencedor aumentava... só que não contaram essa parte da
história para o Andrea Dovizioso, que a 3 voltas do final ultrapassou o grande
ídolo italiano (que esse domingo completou sua corrida de número 300 na
categoria principal) para subir ao degrau mais alto do pódio pela 4ª vez no
ano... essa é uma proeza que a Ducati não conseguia repetir desde os tempos de Casey
Stoner, ou seja, faz um tempinho... o 2º lugar ficou com Maverick Viñalez, que
ousou ao escolher um pneu macio na traseira ao invés do duro escolhido pelos
outros ponteiros. Sua aposta deu certo, e ele também passou Rossi no
finalzinho, com “il Dottore” tendo que se contentar com o 3º lugar. E o
campeonato pegou fogo com o abandono de Marc Márquez a 7 voltas do final com
problemas de motor. Agora o novo líder é Dovizioso, 9 pontos à frente do jovem
espanhol. As próximas etapas devem ser eletrizantes...
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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