Olá leitores!
Após um longo período de espera e testes de inverno europeu
que serviram para experimentos e não necessariamente mostrar o potencial dos
novos carros, enfim começou a temporada 2017 da F-1. Confirmou-se a expectativa
de poucas ultrapassagens, afinal quando se privilegia a aderência obtida pela
aerodinâmica ao invés daquela obtida pelo conjunto mecânico você não consegue
fazer a curva que antecede a reta junto o suficiente do carro adiante para
pegar o vácuo e completar a manobra. No entanto, já não foi o domínio de uma
única equipe, haja vista que Mercedes e Ferrari duelaram bastante durante o
final de semana todo. Eu esperava mais da Red Bull, mas definitivamente não
estavam em um final de semana inspirado.
Vitória de Sebastian Vettel, sua primeira desde
Cingapura/2015, e a primeira vez desde 2012 que um piloto da Ferrari lidera a
tabela de pontuação do campeonato. Vettel largou bem, manteve-se perto de
Hamilton a uma distância que não desgastasse muito os pneus mas que pudesse ter
o inglês em sua “alça de mira”, e quando Lewis entrou para fazer a troca de
pneus ele permaneceu na pista por mais 7 voltas, abrindo a vantagem necessária
para retornar à frente do adversário, que nessa primeira volta após a troca
ainda tentou pressionar o alemão, mas depois Vettel começou a abrir vantagem e
terminou a prova quase 10 segundos à frente do atual vice campeão. Grande
pilotagem, que dessa vez não foi prejudicada por uma estratégia equivocada nos
boxes (milagre, em se tratando de Ferrari pós Schumacher...) e portanto pôde
ser 100% efetiva. Seu companheiro Kimi Räikkönen (4º) sofreu no começo da
corrida com os pneus ultramacios, e quando fez a parada para troca de pneus e
colocou os macios (os mais duros disponíveis nessa etapa) o carro melhorou
sensivelmente, mas nesse momento já era tarde para conseguir se aproximar do 3º
colocado. Estava nitidamente decepcionado ao final da corrida.
Em 2º chegou Lewis Hamilton, que não fez questão de esconder
o sorriso amarelo no pódio. Com alguns motivos: foi o mais rápido na
classificação, largou muito bem, mas pode ter parado muito cedo para trocar os
pneus e pagou o preço dessa estratégia da equipe. O “piti” do Toto Wolff ao perceber
que ele tinha retornado atrás do Vettel foi muito divertido de assistir na TV.
Menos para os torcedores do Hamilton, claro. Seu companheiro Valtteri Bottas
(3º) fez uma boa estreia na equipe, terminou a prova próximo do badalado
Hamilton, mas aproveitou para cobrar da equipe trabalho para fazer o carro
voltar a ser mais rápido que as Ferrari como era no passado recente.
Em 5º chegou Max Verstappen, que demonstrou que em ritmo de
corrida o carro da Red Bull possui ritmo melhor que em classificação, inclusive
no final da corrida estava com ritmo semelhante ao de Räikkönen. Nitidamente
falta alguma cavalaria no motor, mas isso deve ser resolvido no decorrer da
temporada – e deve ser um complicador razoável para a próxima etapa, já que o
autódromo de Xangai tem quase 1,5 km de reta principal... Seu companheiro
Daniel Ricciardo (17º) estava em um daqueles dias em que rigorosamente nada deu
certo: pane no carro na volta de instalação, recolhido aos boxes, a equipe
conseguiu consertar e o colocar na pista com uma volta de atraso, mas no meio
da prova os problemas voltaram e ele acabou abandonando. Um final de semana
para esquecer, já que acabou batendo na classificação.
Em 6º lugar chegou Felipe Massa, feliz com um carro que
atende melhor ao se estilo de pilotagem e contente com o próprio desempenho na
prova, afinal o alvo dele era ficar à frente das Force India (e fazendo um
parêntese, na TV o tom de rosa adotado pelo novo patrocinador dos indianos,
muito semelhante ao do uniforme 2 da Juventus de Turim, ficou muito bom.) e do
Grosjean (que fez uma classificação surpreendente, mas certamente seria mais lento
que o Williams), e isso ele conseguiu. Arrancou do carro tudo o que podia. Seu
companheiro Lance Stroll (16º), em sua estreia na categoria, até que não foi
mal. Melhorou bastante dos treinos de pré temporada para cá, deve ter passado
muito e muito tempo no simulador de última geração que seu papai doou para a
Williams... abandonou com problema no freio.
Em 7º chegou Sérgio Pérez, outro que extraiu do carro tudo o
que era possível. Participou de uma disputa interessante com Kvyat e Sainz Jr.,
um dos poucos momentos empolgantes da corrida. Seu companheiro Esteban Ocon
(10º) marcou seu primeiro ponto na F-1 fazendo uma bela ultrapassagem sobre
Fernando Alonso, até surpreendente para esse vosso escriba. Pode ser que o
alinhamento planetário estivesse favorável para ele...
Em 8º e 9º chegou a dupla da Toro Rosso (talvez a mais bela
pintura de carro desse começo de temporada), respectivamente Carlos Sainz Jr. e
Daniil Kvyat. Sainz terminou a corrida pressionando Pérez, após sofrer um
bocado com o tráfego no meio da prova, e Kvyat teve o azar de precisar parar
para troca de pneus no final da corrida, pois poderia tranquilamente ter
finalizado a prova em 7º. Boa corrida para ambos.
Agora é ver o que esses novos carros farão em uma pista de verdade
daqui a duas semanas na China. Estou curioso...
Também tivemos a abertura da temporada de MotoGP, com o GP do
Qatar. No sábado aconteceu algo interessante: é sabido que chuvas não fazem
parte do cotidiano do país, e talvez por isso na hora de construir a pista o
quesito “drenagem” deve ter sido negligenciado... pois justo no intervalo entre
os treinos livres e o treino classificatório veio uma chuva que alagou a pista
e inviabilizou a sessão de classificação, sendo a ordem de largada determinada
pela média dos tempos dos treinos livres. Já na corrida (também adiada por obra
de São Pedro), vitória merecida do garoto (22 anos) “Maveco” Maverick Viñales,
que no final da prova suportou com galhardia a pressão de Andrea Dovizioso, favorecido
pela velocidade final da Ducati na enorme reta dos boxes da pista (sem
brincadeira, se não fosse o prédio dos boxes daria para pousar um 737 ali, de
tão longa que é a reta), e se tornou o segundo mais jovem piloto a vencer na
categoria principal da motovelocidade por duas marcas diferentes. Perdeu algumas
posições após a largada, mas se recuperou, chegou ao segundo lugar, disputou
posição com Dovizioso, ganhou e venceu com o italiano bufando em seus
calcanhares. A grande surpresa do começo da prova foi a liderança do Johann
Zarco, com uma Yamaha da equipe privada Tech3, mas como sonho de pobre acaba
logo ele caiu na sexta volta e abandonou a corrida. Márquez começou bem a
prova, mas a partir da metade perdeu rendimento e teve de se contentar com um
4º lugar. Entre Dovizioso em 2º e Márquez em 4º chegou Valentino Rossi em 3º,
no pódio mas sem a menor condição de disputar a liderança, apenas ficou
assistindo a briga de camarote. O baú sem alça do Jorge Lorenzo, em sua corrida
de estreia pela Ducati, terminou 20 segundos atrás do companheiro de equipe
Dovi, em um modesto 11º lugar, com a Ducati privada de Loris Baz quase grudada
em sua rabeta...
E na NASCAR o grande nome do final de semana foi Kyle
Larson: venceu a prova da Xfinity Series no sábado e, não contente com isso,
venceu também a da Monster Cup no domingo, protagonizando a famosa “varrida”, a
primeira do ano. Impressionante como o carro do Chip Ganassi melhorou
recentemente, aparentemente ele se lembrou que não tem apenas a equipe de Indy
e resolveu dar um pouco de atenção também para a NASCAR, tanto que o carro #42
em 4 corridas possui 3 segundos lugares e agora essa vitória. Larson é o único
piloto até esse momento do campeonato que esteve no Top 10 tanto nas bandeirada
final como também nas bandeiradas dos segmentos, o que faz com que ele seja o
atual líder na pontuação do campeonato e tenha importantes pontos de Chase
acumulados. Confesso estar surpreso. O primeiro segmento foi vencido pelo
Larson, enquanto o segundo foi pelo MartinTruex Jr., outro que estava com o
carro muito bem acertado para a ondulada pista californiana. No final da
corrida brilhou a estrela de Brad Keselowski, que veio galgando posições a
corrida toda e terminou a corrida com um excelente 2º lugar. Clint Bowyer fez
renascer o carro #14 e garantiu um grande 3º lugar para a Stewart-Haas,
enquanto Martin Truex Jr. teve de se contentar com um 4º lugar. Fechando o Top
5 chegou Joey Logano, outro que se aproveitou das bandeiras amarelas para
galgar posições – aliás, acho que ele deve um jantar para o Corey LaJoie, uma
verdadeira usina de bandeiras amarelas. Espero que ele não faça a temporada
toda...
Encerrando essa coluna, é com pesar que comunico a morte
nesse domingo, aos 64 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, de Alfredo “Guaraná”
Menezes. Um dos grandes nomes do automobilismo brasileiros dos anos 70, participou
da equipe brasileira que alugou um Porsche de uma equipe francesa e correu nas
24 Horas de Le Mans de 1978 (os pilotos eram ele, Paulão Gomes e Marinho
Amaral). Minhas condolências a todos os amigos e familiares, ele era um dos
pilotos que eu admirava na minha infância. Felizmente tive a oportunidade de
tirar uma foto com ele na apresentação dos carros da Fórmula Inter, aqui em São
Paulo. Resquiat in pace.
Até a próxima!
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