Olá leitores!
O GP da Itália não foi, admito, uma das mais emocionantes
corridas que presenciei em minha vida. Justiça seja feita, corridas
verdadeiramente emocionantes na pista situada dentro do Parco Nazionale de
Monza existiram até 1971, último ano da pista gloriosamente livre, sem
chicanes... de lá para cá, depende do regulamento vigente – e o atual é muito
ruim nesse ponto. Entretanto, melhor uma corrida ruim em Monza que uma ótima em
Abu Dhabi.
Isto posto, o final de semana da corrida já começou com uma
notícia que se esperava há algum tempo, mas que eu não apostava que aconteceria
– o anúncio da aposentadoria do Felipe Massa. Esse foi um piloto de quem eu
esperava boas atuações, o começo da carreira dele foi bom, recebeu elogios do
Michael Schumacher (com quem dividiu a Ferrari por 2 anos), e não foi campeão
em 2008 pois durante a temporada a equipe Ferrari cometeu erros bizarros nas
paradas de boxe (a pior foi a da mangueira de gasolina em Cingapura), mas era
um bom piloto. Não se chega a uma disputa de título se for um “braço duro”.
Teve um azar monumental em 2009, quando nos treinos do GP da Hungria recebeu
aquela molada na cabeça que – em minha opinião – interrompeu a curva ascendente
da carreira dele. Ele não admite por nada nesse mundo, mas perdeu velocidade
após o acidente, e o que existia de arrojo nele foi para o lixo junto com o
capacete usado no dia em que a mola o acertou. Passou a ser aquele piloto que
arruma todo tipo de desculpa para o desempenho ruim, menos admitir que foi erro
dele mesmo, e isso eu não gosto. Acho que para o bem da biografia dele deveria
ter abandonado no fim de 2010, no máximo 2011, mas a teimosia o fez continuar.
O que o fez mudar de ideia agora? Provavelmente a constatação que hoje em dia a
F-1 é um esporte de pós adolescentes, e que a experiência de 14 anos de
categoria dele não é mais levada em grande consideração. Aos 35 anos, você já
não tem muita paciência para os Max Verstappen da vida, sem contar coisas que
chegam na categoria apenas pelo sobrenome como o Joylon Palmer, talvez o mais
inexpressivo piloto a aparecer na categoria nessa década. Que vá ser feliz,
acredito eu que o melhor caminho para ele seja a F-E, já que não o vejo com
perfil de piloto de WEC nem DTM.
Agora, vamos ao que interessa: a corrida. Mais uma vez
tivemos dobradinha da Mercedes, dessa vez com o Rosberg na frente do Hamilton.
A vitória do Rosberg foi facilitada pela péssima largada do Hamilton, que caiu
da pole para o 6º lugar, e daí para frente não foi ameaçado em instante algum.
Lewis fez uma corrida interessante, teve a oportunidade de disputar posições,
coisa que não é muito comum ele fazer por conta da gigantesca superioridade da
Mercedes sobre as outras equipes, mas não teve jeito: estava no pódio com
aquela cara de quem sofre de hemorroida, coisa de criança mimada mesmo.
Confesso não andar com muita paciência para com essa dupla da Mercedes e suas
birras de crianças de 5 anos de idade...
Em 3º e 4º outra dobradinha, dessa vez da Ferrari (Vettel em
3º e Räikkönen em 4º), que gastou todas as “fichas” de desenvolvimento do motor
que tinha para a etapa italiana, e se não conseguiu alcançar a Mercedes ao
menos andou na frente da Red Bull, que ultimamente andava consideravelmente
melhor. Correram bem, e como já fez outras vezes na Itália o Vettel agradeceu o
apoio da torcida em italiano, para delírio da massa que superlotava a reta dos
boxes. Os tifosi são tão animados que
até fizeram o Sebastian parar de reclamar, ele que nos últimos tempos tem sido
um dos maiores reclamões da categoria. Kimi esteve... Kimi, blasée como de
costume, não celebrou o 4º lugar mas admitiu um avanço do carro.
Em 5º lugar chegou Daniel Ricciardo, em um ótimo resultado
para um carro sem motor Mercedes e não sendo a Ferrari em uma pista onde
cavalaria no motor é quase tudo. Não chegou no pódio como nas últimas corridas,
mas teve uma bela atuação e fez uma ultrapassagem muito boa sobre o Bottas, em
um dos melhores momentos da corrida. Seu companheiro Max Verstappen (7º) estava
mais tranquilo esse final de semana, acho que acertaram a dose do remedinho
dele, essa vez não se envolveu em enrosco e/ou polêmica com ninguém, e também
extraiu tudo o que o equipamento podia oferecer, uma boa corrida.
Na 6ª posição chegou Valtteri Bottas, em uma bela
apresentação da Williams, que finalmente voltou a andar na frente da Force
India – e com os resultados do final de semana a equipe voltou ao 4º lugar no
Campeonato dos Construtores. Valtteri reclamou um bocado dos pneus, demonstrou
não estar feliz com o resultado, mas levando em conta as últimas corridas ele
deveria comemorar. Seu companheiro Massa chegou em 9º lugar, ensanduichado
entre as Force India, reclamou dos pneus (novidade...) mas reconheceu que foi
um final de semana favorável para a Williams.
Em 8º chegou Sérgio Pérez, um dos alvos das especulações do
mercado de pilotos para 2017, que não ficou muito satisfeito com o ritmo de
corrida dos carros da equipe indiana e também não achou que a estratégia
utilizada foi a mais adequada. Ao menos chegou na frente do seu companheiro Hülkemberg
(10º), que se envolveu em algumas divididas de posição na primeira volta, levou
a pior, ficou um tempo razoável preso atrás do Fernando Alonso, cuja McLaren
não pontuou mas teve um desempenho aceitável, principalmente nas retas, e
depois acabou fazendo uma corrida para levar o carro para a zona de pontuação.
Próxima etapa será nas ruas de Cingapura, etapa noturna mas
que eu recomendo vivamente para quem puder que assista o 1º e 3º treinos
livres, ainda com luz do dia, para admirar a beleza da parte antiga da cidade.
O domingo não foi só de F-1, e tivemos uma corrida memorável
de MotoGP na Inglaterra, onde a Suzuki venceu após 9 anos com a revelação
Maverick Viñales, 21 anos de puro talento, e ano que vem será uma ENORME dor de
cabeça para o “Dottore” Valentino Rossi (3º colocado) na Yamaha, já que me
parece ser mais rápido e arrojado que o Lorenzo (que desde que se colocou em
aviso prévio, comunicando que ano que vem vai para a Ducati, só perdeu
rendimento). Em segundo, para júbilo da torcida local, o vencedor da etapa
passada, Cal Crutchlow, com sua Honda privada andando na frente das Honda
oficiais HRC... está numa fase iluminada, que a aproveite muito bem.
E para você que está ficando cansado do automobilismo cheio
de mimimi, de não me toques, sugiro entrar no site da NASCAR para assistir a
última volta da corrida da Truck Series na pista canadense de Mosport Park... uma
disputa de posição das mais “animadas” que já vi, com o John Nemecheck
inconformado com a segunda posição jogando sua picape para cima do líder Cole
Custer, forçando a batida, empurrando o adversário para o muro, e ambos
cruzando a linha de chegada pela grama, se empurrando mutuamente. Os fiscais de
prova tiveram o óbvio momento de indecisão, afinal não cruzaram a linha de
chegada pelo asfalto, mas como a NASCAR não tem aquelas definições de “limites de
pista” tão rígidas como a F-1 a posição dos dois acabou sendo confirmada.
Evidentemente o menino Cole ficou muito, muito louco da vida (para não escrever
a palavra de baixo calão que definiria mais claramente o que ele ficou), e no
menor descuido da turma do “deixa disso” correu na direção do Nemechek e
aplicou-lhe um “tackle” digno de full defense de futebol americano. Gostaria de
ter visto a discussão de argumentos com os punhos, mas a turma do “deixa disso”
foi rápida e os separou. Não prevejo uma campanha do Chase muito bem sucedida
para o menino John, mas enfim...
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
Nenhum comentário:
Postar um comentário