Dunga é o atual
técnico da seleção brasileira. Não adianta você espernear como criança mimada
que não recebeu o doce que estava na prateleira. Dunga continuará no cargo por
mais algum tempo. Não há consenso em relação à sua permanência, mas também não
há aquele que lidere a mudança. Não só a mudança de técnico, mas uma mudança
profunda. Depois da humilhante participação na Copa do Mundo precisaríamos de
algo radical. Nada aconteceu. Precisaríamos de algo que mudasse a estrutura,
mesmo que os resultados só aparecessem há longo prazo. Por isso, independe da
permanência do Dunga ou não, nosso futebol continuará ladeira abaixo.
A mentalidade em
relação a seleção brasileira, e do próprio futebol brasileiro, precisa de um
choque. Uma mudança de paradigma. Talvez a ausência na próxima Copa do Mundo
cause esse desconforto. Talvez nossa ausência nos torne mais ativos no papel
revolucionário do futebol. Por enquanto, por mais que o futebol ainda
escandalize, continuaremos reacionários. Nunca na história desse país
tivéssemos tanto distanciamento da seleção brasileira. Valores dos salários,
crises de corrupção no futebol; profissionalismo versus paixão; falta de
patriotismo: todos motivos são jogados no liquidificador para responder uma
questão que é muito complexa.
Não conseguir se
classificar para a Copa do Mundo é algo impensado. Mas perder de goleada para
Alemanha também era. Ainda acho que vamos nos classificar, aos trancos e
barrancos; apesar do Dunga. Mas, e se acontecer aquilo que nenhum (ou quase
nenhum) torcedor acredita? Bem, se isso acontecer; logo de começo grandes
investidores abandonarão o barco. Capitalista gosta de dinheiro, não gosta de
futebol. Por isso, essas empresas gastam milhões com a seleção brasileira. Não estão
preocupadas com o técnico. Nem com o jogo arte. Estão preocupadas com a
visibilidade. Não estar na Copa do Mundo prejudica os negócios.
Mas nós,
torcedores normais, gostamos do bom futebol. E talvez esteja aí mais um motivo
do nosso distanciamento, além daqueles já revelados há pouco. Mas qual a
solução? Melhorar o futebol dentro de campo. Mudar a forma de convocação, de
treinamento; mudar a postura de como o jogador brasileiro chega até a seleção.
Vejam que a forma de treinamento atual: impossível montar uma grande seleção. Pensem
a situação: Quais seleções do mundo, nos últimos dez anos (com exceção da
Alemanha e Espanha), mostraram um futebol brilhante e encantador? Quais
seleções foram indiscutíveis, em padrões táticos e técnicos? Nenhuma. A seleção
brasileira, em uma das suas piores safras de jogadores, consegue ter ainda
ótimos jogadores. E qual a diferença entre Alemanha e Espanha? Conjunto.
Conjunto, treinamento, disposição, tática e tudo que o brasileiro em si tem que
aprender. O resto ele sabe, de berço.
Por isso volto a
dizer: uma coisa é fundamental para que Alemanha e Espanha apresentassem um
futebol mais competitivo: elas são melhores treinadas. Matéria-prima excelente
e treinamento fizeram com que as duas seleções chegassem ao título mundial. As
duas seleções levam em consideração que a base do time deverá chegar com alguma
bagagem de grupo. O restante do conjunto é trabalhado no período permitidos no
calendário FIFA. E para isso utiliza jogadores que se conhecem em seus clubes,
cabendo poucos ajustes num período curto antes das competições oficiais. Fazer
uma seleção brasileira utilizando esse argumento é impossível: os jogadores
estão espalhados pelos quatro cantos do mundo, e se encontram algumas vezes no
ano.
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Um comentário:
Heavy, Alemanha e Espanha são seleções cujos jogadores jogam juntos desde o "dente de leite" até o profissional, tendo como base 1 ou 2 clubes... A Seleção brasileira é uma salada mista...
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