É final do ano
futebolístico. Nesse exato momento os torcedores passam a régua e fazem a
conta: foi um bom ano? Evidente que Corinthians e Palmeiras saem mais
satisfeitos. Ambos torcedores conseguiram mais ou menos aquilo que se esperava.
São Paulo, entre baixos e baixas, conseguiu salvar 2015 com uma vaga para
Libertadores. Sim, salvou o ano. Dizem os torcedores, jornalistas e os próprios
jogadores. O ídolo que vai embora, Rogério Ceni, quase deu volta olímpica por
causa do feito. Todos sabem e não escondem que a verdadeira vitória de uma
equipe parece ser a tal vaga para a Libertadores.
Meio que sem
querer, acabamos entrando nesse embalo. Acabamos por valorizar um torneio que,
às vezes, deixa o título em segundo plano. Qual a diferença entre São Paulo,
que capengou o campeonato inteiro; e o Corinthians, que se mostrou uma das
melhores equipes do Brasil? Quase nenhuma. Na boca cheia da mídia, ambos na
Libertadores. Até mesmo os programas esportivos, que deveriam vender a
competição por ela mesma, acabam criando uma libertadependência. Foi campeão?
Que bom. Mas vai para a Libertadores? Puxa, isso sim é sucesso garantido.
Vejam o exemplo
do Santos. Time que estava com o pé na Libertadores, por uma campanha muito boa
no segundo turno do Brasileirão; e por ser finalista na Copa do Brasil. Ficou
sem a vaga. Não conseguiu o título diante do Palmeiras, ainda que fosse
favorito; e não conseguiu a pontuação para a Libertadores. Choro pelo
vice-campeonato ou pelo sétimo lugar? Não. Choro por não estar na Libertadores.
Aliás, Libertadores que também manipula o planejamento do time. Clube que está
fora parece ter o direito de fazer o “mais ou menos”. Santos começa a se
desfazer de alguns jogadores, pois agora não será tão cobrado. Não está na vitrine
do futebol. Regionais, brasileiro e a própria Copa do Brasil são meros
coadjuvantes para uma competição maior, melhor e mais lucrativa: a
Libertadores.
Mas como dizem
os jovens, só que não.
A Libertadores
passou a ter uma importância no Brasil na década de 90, pois soma-se ao bom
desempenho nessa competição a chance de disputar o Mundial Interclubes; ou
seja, colocar em pé de guerra no futebol do terceiro mundo com o do primeiro
mundo. A única maneira de equiparar o futebol, ou definitivamente “saber como nós
estamos diante do mundo”. Essa necessidade absurda é justificada, mas poderia
ser evitada. Evitada se no calendário do futebol houvesse maior possibilidade
de um intercâmbio entre os clubes. Torneios, amistosos e etecetara. Existe uma
grande vontade de torcedores, jogadores e a própria mídia em colocar times
brasileiros contra europeus. A única chance é a Libertadores.
Realmente a
competição é importante. Dará oportunidade de um Mundial. Mas, considerando a
supervalorização que damos a ela, é quase que certo que nos próximos anos não
haverá taça nem volta olímpica do campeão, de tal forma que estamos deixando
transparecer que a vaga pela Libertadores é a grande missão de um clube de
futebol no ano. E se for assim, Corinthians, Palmeiras e São Paulo podem
comemorar, ainda que por situações diferentes.
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