terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A tal vaga

 

É final do ano futebolístico. Nesse exato momento os torcedores passam a régua e fazem a conta: foi um bom ano? Evidente que Corinthians e Palmeiras saem mais satisfeitos. Ambos torcedores conseguiram mais ou menos aquilo que se esperava. São Paulo, entre baixos e baixas, conseguiu salvar 2015 com uma vaga para Libertadores. Sim, salvou o ano. Dizem os torcedores, jornalistas e os próprios jogadores. O ídolo que vai embora, Rogério Ceni, quase deu volta olímpica por causa do feito. Todos sabem e não escondem que a verdadeira vitória de uma equipe parece ser a tal vaga para a Libertadores.

Meio que sem querer, acabamos entrando nesse embalo. Acabamos por valorizar um torneio que, às vezes, deixa o título em segundo plano. Qual a diferença entre São Paulo, que capengou o campeonato inteiro; e o Corinthians, que se mostrou uma das melhores equipes do Brasil? Quase nenhuma. Na boca cheia da mídia, ambos na Libertadores. Até mesmo os programas esportivos, que deveriam vender a competição por ela mesma, acabam criando uma libertadependência. Foi campeão? Que bom. Mas vai para a Libertadores? Puxa, isso sim é sucesso garantido.

Vejam o exemplo do Santos. Time que estava com o pé na Libertadores, por uma campanha muito boa no segundo turno do Brasileirão; e por ser finalista na Copa do Brasil. Ficou sem a vaga. Não conseguiu o título diante do Palmeiras, ainda que fosse favorito; e não conseguiu a pontuação para a Libertadores. Choro pelo vice-campeonato ou pelo sétimo lugar? Não. Choro por não estar na Libertadores. Aliás, Libertadores que também manipula o planejamento do time. Clube que está fora parece ter o direito de fazer o “mais ou menos”. Santos começa a se desfazer de alguns jogadores, pois agora não será tão cobrado. Não está na vitrine do futebol. Regionais, brasileiro e a própria Copa do Brasil são meros coadjuvantes para uma competição maior, melhor e mais lucrativa: a Libertadores.

Mas como dizem os jovens, só que não.

A Libertadores passou a ter uma importância no Brasil na década de 90, pois soma-se ao bom desempenho nessa competição a chance de disputar o Mundial Interclubes; ou seja, colocar em pé de guerra no futebol do terceiro mundo com o do primeiro mundo. A única maneira de equiparar o futebol, ou definitivamente “saber como nós estamos diante do mundo”. Essa necessidade absurda é justificada, mas poderia ser evitada. Evitada se no calendário do futebol houvesse maior possibilidade de um intercâmbio entre os clubes. Torneios, amistosos e etecetara. Existe uma grande vontade de torcedores, jogadores e a própria mídia em colocar times brasileiros contra europeus. A única chance é a Libertadores.

Realmente a competição é importante. Dará oportunidade de um Mundial. Mas, considerando a supervalorização que damos a ela, é quase que certo que nos próximos anos não haverá taça nem volta olímpica do campeão, de tal forma que estamos deixando transparecer que a vaga pela Libertadores é a grande missão de um clube de futebol no ano. E se for assim, Corinthians, Palmeiras e São Paulo podem comemorar, ainda que por situações diferentes.




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