Olá leitores!
Demorou, mas ainda bem que começou uma nova temporada
daquela que (ainda) é a mais importante categoria de monopostos do planeta, a
Fórmula 1. Novamente começou no simpático (embora sem muitos pontos de
ultrapassagem) circuito de Albert Park, em Melbourne. O único grande problema
que vejo é o fuso horário da Austrália, que faz a corrida ser no meio da
madrugada e obriga a alguma logística para acompanhar a prova... e no meio da
madrugada, após a corrida, deitei-me na cama pensando como comentar uma prova
com tão poucos carros. Foi quase a mesma sensação deprimente de assistir uma
prova de Fórmula 3 Brasil, a diferença de carros na pista era pouca. Sempre
existirão aqueles que dizem que “qualidade é melhor que quantidade”, mas se eu
tiver a opção entre assistir uma corrida com muitos carros, não necessariamente
com ótimos pilotos, e uma com poucos carros apenas com “botas” reconhecidos
pilotando, minha opção sempre será a primeira.
Como seria de se esperar, a vitória ficou nas mãos da
Mercedes, sendo Hamilton o vitorioso. Ele é a prova que a preparação dos
pilotos hoje em dia é melhor do que na época de Piquet e Senna. Naquela época,
um piloto que liderasse tão facilmente a corrida, em algum momento cometeria
algum erro por pura falta de concentração. Ele não, manteve-se focado a corrida
toda, e não deu chance ao seu companheiro Rosberg (2º), que bem que tentou, mas
não conseguiu se aproximar o suficiente para uma tentativa de ultrapassagem.
Uma das poucas partes emocionantes da prova foi a “disputa” de volta mais
rápida entre a dupla da Mercedes, mas não passou disso também. Nesse ponto, a
F-1 2015 está idêntica à F-1 2014.
Em 3º chegou Vettel, muito contente com a sua estreia, já
que foi o primeiro entre os “normais”, haja vista que por enquanto a Mercedes
está correndo em uma categoria própria. Fez uma boa largada, acompanhou Massa
até o momento em que ele parou para trocar os pneus, fez a clássica “volta de
classificação” antes de sua parada e voltou à frente do brasileiro, não dando a
ele posteriormente chances de tentar uma ultrapassagem. Já está arriscando umas
palavrinhas em italiano, e a exemplo de Schumacher no pódio apontou para os
mecânicos agradecendo o trabalho deles. Boa política. Seu companheiro Räikkönen
(12º) vinha fazendo uma corrida bastante honesta até que aconteceu um problema
na hora de prender a roda traseira esquerda no pit-stop, ele foi liberado para
a pista assim mesmo, e teve de abandonar logo depois antes que a roda se
soltasse definitivamente do carro.
Em 4º lugar chegou Massa, fazendo aquela que deve ter sido
uma de suas melhores apresentações em Melbourne, corrida em que geralmente ele
não se dá bem. OK, estava chateado ao final da prova por ter perdido o pódio,
mas temos que levar em conta que perdeu o pódio não por erro dele, mas devido à
equipe ter chamado ele no momento que talvez não fosse o mais apropriado...
enfim, coisas de Williams. Acho que não preciso lembrar as diversas “lambanças”
da equipe em estratégias desde a época de Piquet e Mansell, eles são bons em
estragar o trabalho que o piloto faz na pista. Entendi como uma estreia
positiva da equipe. Seu companheiro Bottas nem largou, pois apresentou dores
nas costas no Q2, que atrapalharam a performance dele no Q3, e foi vetado pelos
médicos da FIA. Ficou frustradíssimo, claro, mas torçamos que se recupere para
a Malásia.
Em 5º chegou Felipe Nasr, fazendo
aquela que é a melhor estreia de um brasileiro na F-1. OK, vamos relativizar
esse fato: haviam poucos carros na pista, no geral os pilotos brasileiros não
estreiam exatamente em carros de ponta (mesmo Emerson, que estreou já na Lotus,
o fez com o antiquado Lotus 49, enquanto o companheiro de equipe Jochen Rindt
usava o Lotus 72), mas ele apresentou algo que eu considero MUITO positivo: ele
não é como o Rubinho ou o Massa, que ficam metade da corrida estudando se vai
dar para passar o carro da frente e por qual lado vai passar; ele vê uma oportunidade,
vai lá e passa, pronto. Não fica cozinhando a costela na parte de cima da
churrasqueira que nem os outros. Eu achei isso muito bom. Ganhou 5 posições
(largou em 10º) ultrapassando os outros pilotos na pista, e isso é extremamente
positivo. Mais: ele terminou na mesma volta do líder. Ele ainda tem muito a
aprender, evidentemente, mas já mostrou que é mais rápido que o companheiro de
equipe – e o maior adversário dele nesse momento é o companheiro. Seu
companheiro Ericsson (8º) terminou uma volta atrás dos líderes, e não fez uma
má corrida não, apenas não foi tão rápido quanto o Nasr. Grande felicidade para
a Sauber, que não pontuou ano passado e já colocou os dois carros nos pontos
logo na primeira corrida. A respeito do “imbróglio” com o Van der Garde: coisa
de amadores. Jamais “raposas velhas” como Frank Williams, Ron Dennis, o pessoal
da Ferrari, até mesmo Helmut Marko, fariam contratos com um piloto sem prever
uma cláusula de encerramento de contrato antes do prazo, e se fizessem não
encerrariam o contrato do piloto como foi encerrado. Fiquei estarrecido ao
saber que a Monisha (chefe da equipe após a aposentadoria do Peter Sauber) é
formada em advocacia e encerrou o contrato de maneira tão amadora.
Em 6º chegou Daniel Ricciardo, e dessa vez o homem sorriso
da categoria não teve muitos motivos para o fazer: o motor da Renault está
consideravelmente pior que no ano passado, uma encrenca mesmo, e a não ser que
os franceses encontrem o caminho perdido esse será um ano muito difícil para a
equipe dos energéticos. Seu companheiro Kvyat nem largou, o câmbio quebrou
antes de chegar na posição de alinhamento para a largada. Vettel deve estar
pensando “olha só do que me livrei”...
Em 7º chegou Hülkemberg, novamente levando o Force India nas
costas. Fez uma bela corrida, extraindo do carro o que era possível – afinal a
falta de recursos da equipe atrasou consideravelmente o desenvolvimento do
carro. Mas há como melhorar, em tese. Seu companheiro Pérez terminou em 10º,
que poderia ter alcançado uma melhor posição mas perdeu muito tempo atrás do
Button na relargada pós bandeira amarela.
Em 9º chegou outro estreante, Carlos Sainz Jr.,
assustadoramente parecido com o pai, o campeão de WRC e piloto do Dakar Carlos
Sainz, “El Matador”, recordista de vitórias no WRC até aparecer o ET Loeb. Fez
uma corrida direitinha, disputou posições sem se envolver em acidente, gostei.
Levando em conta que também tem motor Renault, está louco de bom terminar a
corrida. Seu companheiro Verstappen (13º), o “di menor” da categoria, vinha correndo
sem comprometer ninguém até que o motor puxou o tapete dele na corrida de
estreia. Se eu fosse ele, começaria a me acostumar com isso...
Não pontuou, mas eu preciso falar da McLaren. Eu sei qual é
o problema de saúde que está atrasando a volta do Alonso para as pistas após o
acidente. O problema de saúde se chama “motor Honda”, e se bobear ele só volta
às pistas no meio da temporada. Que lástima...
A próxima corrida será na Malásia, dia 29/03, e fica desde
já a torcida para que pelo menos os 18 carros inscritos consigam largar...
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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