Se perguntarmos
a um grupo de torcedores de futebol quais são suas insatisfações em relação ao
esporte praticado no Brasil, com certeza teríamos um variado número de
reclamações, críticas e sugestões. De um modo geral, há uma desmotivação que
passa pelos torcedores, junta-se com os comentaristas esportivos e talvez
respingue nos jogadores. Por isso, há quem ache parcela de culpa nos
dirigentes, outras nos atletas (profissionais ou em formação) e até mesmo na
Rede Globo - a detentora da transmissão da maior parte das competições
transmitidas para o país.
O futebol
brasileiro encarou como um dos seus maiores vexames a goleada sofrida pela
Alemanha na Copa do Mundo; como se isso não fizesse parte do futebol. Enxergou
a derrota como ícone de uma nova revolução. Talvez o desserviço da goleada
tenha o mesmo peso caso tivéssemos sidos campeões. Os problemas apresentados
pelo futebol brasileiro continuaram escondidos, camuflados e enclausurados;
trazendo à tona tática e formação de jogadores; mas se esquivando das
responsabilidades administrativas, fiscais e financeiras dos clubes de futebol.
A chance da
profissionalização de fato do futebol brasileiro vai um pouco além dessa nova
mentalidade surgida há alguns anos: Construção de arenas, marketing esportivo,
negociação e partilha do valor de imagem (cotas de transmissão). A profissionalização
do futebol passa pela visão moderna (não tão moderna) em transformar os clubes
em empresas; com ônus e bônus. Com maneiras, planejamento; responsabilidade e
autoridade. Empresas que pensam e agem considerando os acionistas (torcedores),
remuneração (não apenas benefício próprio) e sua responsabilidade social
(pagamento de salários, por exemplo).
Exatamente por
isso a proposta de refinanciamento da dívida dos clubes é importante. Mas, mais
importante que isso; é necessário que o clube dê sua parte; coopere nesta ajuda.
Que o clube, na figura de sua direção; saiba que, além de lidar com um patrimônio
que muitas vezes é ligado a paixão dos torcedores, também tem sua relação com o
cidadão comum, já que estamos falando de dinheiro público – dinheiro que não
foi recolhido. Deixar que os clubes paguem quando quiserem, da maneira que
quiserem; mas sem que isso reflita na maneira de como ele lidará com o dinheiro
público daqui para frente é mais um ato de corrupção que tanto temos combatido.
Tudo bem, posso ter exagerado; mas uma coisa é certa: o dinheiro de escolas,
creches, estradas e hospitais não foram parar nos cofres públicos. Dê a isso o
nome que achar mais conveniente.
Temos que
esperar o bom senso dos políticos, estes que muitas vezes estão e foram eleitos
exatamente por causa do clube de futebol – Como ídolos ou dirigentes,
conseguiram um cargo público. Espero que o dinheiro público volte, da melhor
maneira possível, e mais justa. E para isso é preciso que haja um
acerto financeiro que seja honrado; como aconteceria com qualquer empresa. E que novas responsabilidades
sejam ditas para se evitar novas negociações num futuro não muito distante.
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