segunda-feira, 21 de abril de 2014

Quem deu bola no Paulista.


Estava tudo muito bom, tudo muito bem. Santos vinha de uma excelente campanha no campeonato paulista antes da final: o ataque mais positivo (46 gols), contra 18 sofridos. Praticamente avassalador na Vila, goleando muitos adversários, inclusive a tradicional Ponte Preta, por 4x0 nas quartas de final. Depois um time aguerrido, o Penapolense, que por pouco não elimina o Peixe. 3x2 sofrido. O Ituano, uma espécie de azarão, chegou pelas beiradas, e parou o time santista.

A velha máxima que futebol é imprevisível e uma “caixinha de surpresas”; mas ninguém imaginava que a equipe do interior iria tirar o caneco do Peixe. E reforço esta frase: “tirar o caneco”, pois em mais de 80 anos de profissionalismo, só três equipes interioranas chegaram ao topo: Inter de Limeira (1986), Bragantino (1990), Ituano (2014). Portanto, quando uma equipe grande chega contra uma pequena, a chance desta ganhar é muito remota. (Lembrando que o Bragantino fez a final contra outro time do interior, o Novorizontino, e perdeu para o São Paulo no ano seguinte, na final do campeonato brasileiro).

Portanto uma equipe grande sempre prevalece quando chega, e a história diz isso. Mas não foi o que aconteceu nesta final, mesmo o Santos apresentando um bom futebol e estando 7 pontos à frente do seu concorrente. As diferenças eram gritantes. Mesmo assim, quem deu bola na final foi o Ituano.

Então vai a pergunta: Mas o que aconteceu com o time da Vila?

A resposta mais elementar é que faltou futebol. Foi nítido, e a equipe de Itu chegou a colocar o time santista na roda, principalmente do primeiro jogo da final. E agora vamos “analisar” por que faltou futebol para o time alvinegro:

O futebol paulista, bem como brasileiro, estão cada vez mais “desequilibrados”. Não são mais parâmetros para nada. Santos goleava com números que pareciam dos anos 60, mas quando pegou dois times um pouco mais arrumadinhos (Penapolense e Ituano), se complicou. A volúpia cessou, pois faltou criatividade para sair da marcação e achar espaços.

Outro sinal dos tempos do futebol contemporâneo é que os jogadores de hoje não tem mais personalidade, salvo raríssimas exceções. O único que dá a cara pra bater ali é o Arouca. Ninguém pensa mais por si, não conseguem mudar a situação de uma partida, corroborada pelas frases no final do primeiro jogo: “Vamos ver o que o professor tem para falar para o próximo jogo”. Por que o “professor”? Não sabe porque perdeu?

Jogadores que eram pra chamar a responsabilidade e definir não apareceram. Casos de Thiago Ribeiro, e Leandro Damião. E o primeiro ainda ganhou prêmio, não sei do quê. Só jogou contra o Corinthians. Damião até agora só veio passear de bonde. Já os novos não dá pra jogar a responsabilidade. Geovânio sentiu já contra o Penapolense, e desapareceu nos jogos finais. Teve a oportunidade de fazer o gol do título, mas a perna deve ter bambeado na hora de finalizar e correr para o abraço. Gabriel também não apareceu, mas a bola mal chegava para o jovem atacante.

E Oswaldo? Apostar em um articulador, como poderia ter feito com Lucas Lima, ao invés dos inúmeros balões da defesa para o ataque que o time peixeiro alçava. Parecia festa de São João.

Em suma, faltou competência para o Santos em diversos aspectos, para apenas ratificar a condição de melhor time do campeonato paulista, o que era até então. Mas como parou nos dois últimos jogos, este time suscita agora muitas dúvidas. As falhas já existiam, mas agora emergiram de vez. Desde a final que o time não joga bem, e estreou com um empate contra o mistão do Sport em plena Vila pelo campeonato brasileiro. Mas vamos aguardar, pois ainda há tempo para colocar a casa em ordem, apesar da paciência do torcedor ter diminuído muito.


2 comentários:

Sérgio Oliveira disse...

O desequilíbrio dos times é o fracasso da gestão e do modelo de administração do nosso futebol.

Mario disse...

Com certeza. O fato do Ituano ter sido campeão não significa que o campeonato estadual está mais competitivo, muito pelo contrário; os grandes também pioraram e os menores vivem uma situação ainda mais difícil.