
Não é fácil arrumar um camisa 10. Talvez por isso a insistência do Corinthians por qualquer argentino que saiba jogar na posição. Desde o começo da história com o Montillo, eu disse aqui que a briga só acontecia por não existir mais no futebol brasileiro jogadores com suas características. Por isso alguns jogadores são tão valorizados, como acontece com jogador do Cruzeiro e outros gatos pingados que apareceram como milagre. Ganso é outro caso de jogador espetacular, raro e em extinção.
O Corinthians buscou um desses jogadores. Douglas não recebeu o apelido de maestro por acaso. Realmente é um jogador com algumas características de um passado não tão distante. Com isso, acaba sendo visto como um jogador que “dorme no campo”, assim como tantos outros meias que já passaram por esse mundo do futebol. Não sou um historiador, mas tenho quase certeza que esse tipo de jogador começou lá pelos lados da Academia, com o Ademir da Guia. Dizem que ele se fingia de morto e que jogava em dois metros quadrados do campo, e que era o bastante.
No futebol de hoje não dá para ser como Ademir da Guia. Tem que ser um pouco do Zico, um pouco do Careca, um pouco do Romário e um pouco do Gamarra. Ataque, meia e defesa. Todo mundo deve fazer de tudo um pouco. Acontece que alguns sujeitos devem e podem fazer um pouco mas tudo: esses jogadores são os meias! Então, mais do que comemorar a volta do Douglas, nós corintianos devemos comemorar a volta de um meia, de ofício e oficial. Ofício por ser sua maneira de jogar e oficial, pois a contratação é dada como uma media para a criação do meio campo.
Considero Alex um dos jogadores mais inteligentes do elenco. Não estou falando de inteligência cognitiva, mas a inteligência de campo. Índice de inteligência no campo não é para qualquer um. Ronaldo era superior nessa inteligência, e junto com sua habilidade se tornou o fenômeno. Liedson também deve ter um grau enorme dessa visão do campo. E assim, mais alguns jogadores que se sobressaem em campo, com a visão estratégica do jogo, não apenas cumpridores de tarefas.
Douglas deve chegar para fazer o diferente, “desobedecer” as ordens dos treinadores. Ir por caminhos que ninguém imagina. Para conquistar ainda mais o coração alvinegro deve fazer um pouco mais do que fez no passado, mas uma doação sem tamanho. Se os jornalistas disseram numa dessas fofocas do futebol que ele estava “loco” para vir para o Corinthians, significa que ele chegará com vontade.
Vontade é o item que está faltando para ele ser titular e lembrado pelo resto da vida pelos torcedores do Corinthians. Afinal, talento ele já tem; e tem o bastante para ser lembrado por nós como maestro.
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