Mais importante que o gol, a bola, o craque é discutir sobre tudo isso, de preferência da maneira mais acalorada possível, sem qualquer apreço pela razão, pela imparcialidade. É o que fazemos de melhor. Não tem essa de entender do assunto. O negócio é discutir, principalmente exaltando o nosso clube do coração e humilhando os rivais.
Acho que foi pensando nisso que surgiram as mesas-redondas de futebol. Verdadeira praga dos domingos. Praticamente toda emissora de televisão tem a sua. Programa de grande audiência e que não depende de grandes devaneios financeiros. Basta colocar quatro ou cinco sujeitos sentados em algum estúdio, passar o videoteipe de algum jogo que a discussão começa. Fácil assim.
Esse negócio de mesa-redonda começou nos anos 1960, num programa da recém iniciada TV Globo, era a jurássica Grande Resenha Facit, que conseguia reunir no mesmo estúdio os mestres Nelson Rodrigues, João Saldanha, Armando Nogueira e José Maria Scassa. Só a fina flor do jornalismo da época. O programa foi um sucesso, lógico, e criou um modelo que é copiado até os dias de hoje.
No meu caso, que nem sou tão velho assim, o grande embate esportivo do domingo era travado na Mesa Redonda da TV Gazeta. Esse era um clássico. Nos domingos era um programa indispensável, exceto quando o Tricolor perdia o jogo, aí nem pensar de assistir mesa-redonda. Na ressaca da bola é melhor assistir ao Fantástico mesmo. Ou quem sabe, até mesmo o Show de Calouros.
Jornalista de mesa-redonda tem que assumir o time do coração. Não tem jeito. Se é coritiano, palmeirense, santista ou são-paulino, tem que assumir. Nada dessa história de que jornalista não tem clube, ou dizer que é torcedor de clube estrangeiro. Se ficar tudo no âmbito do politicamente correto, do distanciamento crítico, do jornalismo, enfim, não tem a menor graça. O que o torcedor quer quando assiste a uma mesa-redonda não é saber do esquema tático, da política interna do clube e outras coisas de somenos importância. O que queremos saber é o seguinte: o nosso clube foi garfado? Existe esquema pra beneficiar o rival? Aquele técnico burro que causou a derrota do nosso time já foi mandado pra rua? Ou seja; o que realmente interessa.
O Belas na Rede, da Rede TV, inovou. É apresentado somente por mulheres. Não sei ao certo qual foi a intenção da emissora; se era aproximar as mulheres do debate futebolístico ou se era aproximar ainda mais a macharada. Afinal, o camarada pode até não gostar de futebol. Normal. Agora, não gostar de mulher bonita, é difícil. Já assisti ao programa algumas vezes. As moças são politicamente corretas, não alfinetam nada, nem ninguém. Na maioria das vezes, confesso, que nem estava lá muito interessado no que aquelas Belas diziam, mas, continuava vidrado. A discussão futebolística ficou mais amável, menos belicosa, menos ranzinza. Afinal de contas, quem é capaz de discordar ou retrucar com a Marília Ruiz (a nossa meia-esquerda da fotinho)? Não dá.

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