Enfim, leitores, sobrevivemos a mais uma edição do Rock in Rio. Para quem estava recluso em alguma caverna nas duas últimas semanas e nem sabe do que eu estou falando, vou lembrá-los de que esse é o maior festival de música do país e pelos seus palcos já desfilaram nomes como Queen, Oasis, Iron Maiden, Yes, R.E.M., Metallica, Stevie Wonder e James Taylor, só para citar alguns nomes, inclusive alguns outros de gosto bem duvidoso e longevidade artística minguante.Na mais recente edição que terminou no último domingo ouvi comentários extremamente críticos a respeito da qualidade das apresentações e da escolha dos artistas nacionais e internacionais. Bastava perguntar para alguém o que tinha achado do festival e logo vinha uma careta como resposta. Está certo que não dá pra agradar todo mundo, mas, acho que nunca um festival desagradou a tantos. Entre todas as pessoas que eu ouvi, dois pontos em comum; todas tinham mais de 30 anos ou estavam se aproximando dessa faixa e todas têm verdadeira ojeriza ao futebol pragmático jogado nos dias de hoje.
Eis, leitores, o elo perdido. O futebol, principalmente aquele conhecido antigamente como futebol brasileiro e o rock´n´roll tem tudo a ver.
O brasileiro tem orgulho do futebol bem jogado, do estilo de jogo diferenciado que prima pela técnica e que conquista aplausos até mesmo das torcidas adversárias. É o jogo bonito que gostamos de exibir pelos gramados do mundo afora. É aquele compromisso com a excelência do jogo. Não basta ganhar. O brasileiro, ao que parece, tem muito mais orgulho da suas tradições futebolísticas do que desses títulos mundiais conquistados.
E o que isso tem a ver com o rock e com o Rock in Rio? A verdade que o fã de rock, aquele de carteirinha e camiseta preta, não é um sujeito que se contenta com os famosos três acordes. Ele quer mais. Idolatra o virtuosismo, a criatividade, a qualidade técnica dos músicos e uma excelente performance ao vivo. É aquele mesmo cara que não se conforma com o refrãozinho repetido, com a rima fácil, com o rostinho bonito que pode fazer sucesso nas rádios e vender discos, mas, não garante o prestígio dentro esse nicho extremamente seleto, com o perdão da redundância.
O fã de rock, entre os quais eu me incluo, é um saudosista por natureza. Defende um disco do Led Zeppelin, do Iron Maiden, do Deep Purple, com a mesma paixão que defende a Seleção de 82, a Academia do Palmeiras ou a Máquina Tricolor. Repudia os times pragmáticos e defensivistas no mesmo tom que critica as invenções musicais atuais, o apelo comercial da música e os artistas descartáveis.
Ninguém consegue posar de craque. Por mais que a mídia tente incutir em nossa mente que o Fulano é craque, é diferenciado, todos nós sabemos que ele não é craque coisa nenhuma. É só mais um Zé das Couves mediano. Da mesma forma, ninguém consegue posar de roqueiro. Até consegue, é verdade, mas, bastam os primeiros acordes de uma apresentação ao vivo para o fã de rock desmascarar a farsa. E olha que tivemos muita gente desmascarada nesse Rock in Rio.
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