
Argentina está classificada para a próxima fase da Copa América. Eles estavam assustados com a possibilidade de uma campanha pior do que medíocre. Nós, brasileiros, também estamos. Quer dizer, alguns de nós. Felizmente, ou não, não existe unanimidade para a seleção brasileira. A falta de patriotismo, que alguns sugerem como problema nos jogadores, também é item que está faltando aos torcedores. Mas até que ponto quem torce contra a seleção brasileira, por qualquer motivo que seja, pode ser chamado de um cara antipatriota?
É uma idéia que ainda não está muito bem formulada em minha cabeça. Não é questão de ficar no muro, mas é que existem tantos motivos que acabo me contradizendo naquilo que eu ainda não disse. Dói ver a seleção, formada por jogadores do meu país, sair de uma Copa América de forma vexatória? Dói é claro. É ruim olhar para aquela camisa de tantas glórias e ser motivo de piada? É muito chato mesmo! Mas será que devo ter o amor pela seleção brasileira como tenho pelo meu país?
Ouvi comentários de vários jornalistas sobre os torcedores argentinos na transmissão que iria definir o classificado. De forma velada fica claro que eles querem que, em alguns momentos, nós nos comportemos como os argentinos. Não existe agressão nesse comentário, nem qualquer rivalidade. Existe apenas a percepção de que eles amam a seleção deles não importando o que se passa atrás das cortinas. Mais do que isso, eles aceitam a seleção como representantes de uma nação.
Essa situação se perdeu um pouco no Brasil. Torcemos para um filme ganhar um Oscar, mesmo quando achamos que ele é péssimo. Torcemos para um jogador de um esporte não muito popular, mesmo desconhecendo as regras do jogo e coisa e tal. Torcemos até pelas nossas empresas, que produtos sejam vendidos fora do país, levando consigo a nossa capacidade de superação, de produção e de sermos também grandes capitalistas. Adoramos nossa bandeira espalhada pelo mundo!
Mas para a seleção brasileira, o negócio ficou complicado.
Parece uma espécie de mágoa, de desilusão. O vôlei brasileiro é um dos melhores do mundo, e quando perdemos; mesmo assim, nos sentimos orgulhosos. Assim acontece com tantos outros esportes. Mas quando o assunto é futebol somos intransigentes. Queremos ganhar sempre. Queremos o melhor futebol, a melhor apresentação e tudo mais. Quando isso não acontece temos a desculpa na ponta da língua: Vendemos o jogo! Ou ainda: os jogadores estão fazendo corpo mole.
Não existia em nossa cabeça a menor possibilidade da seleção perder um jogo, ou não ganhar, como anda acontecendo na Copa América; porque não somos mais “os melhores”. Isso é fato! Todos dizem a mesma coisa: o futebol mudou e até mesmo a Venezuela pode ficar na frente do Brasil no grupo. É quase uma blasfêmia, mas é verdade. Assim, ou nós pioramos ou os adversários melhoraram.
O Brasil joga hoje pela honra de ser considerado uma das principais seleções do mundo. Pode não conseguir ir além de uma oitava, ou quarta; só não pode ficar fora de uma classificação que indica os dois primeiros do grupo e o terceiro melhor da competição; considerando que temos os “sub-20” e algumas seleções muito inferiores tecnicamente.
Uma derrota hoje é tão ruim quanto perder para a França na final da Copa do Mundo? Talvez seja pior. Mas com certeza já sabemos o enredo: venda, maracutaia, falta de amor à camisa; mercenários; e toda essa bobagem que inventam sobre os perdedores. E com isso, só não podemos dizer que os jogadores envergonham um país; pois mesmo com as cores da camisa, no peito não há qualquer menção ao símbolo nacional.
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3 comentários:
Vc levantou um tema interessante. A exemplo do meu compadre Juca Bala eu não consigo torcer para a $eleção desde 1986, mas, de uns tempos pra cá eu tenho até torcido contra. Se a $eleção deu as costas para os seus torcedores, negando a sua tradição, a sua história, entendo que nós, torcedores, podemos fazer o mesmo. Torci escancaradamente para o Paraguai no último jogo e nem foi porque a Larissa prometeu ficar pelada (coisa que já não é novidade), mas, sobretudo, porque não consigo me enxergar naquela $eleção. Nem sabia quem era o tal de Jadson (confundi com o problemático Jóbson) e não é que o sujeito jogou bem. Assisto o time perfilado antes das partidas e não reconheço os caras, alguns disfarçam cantar o hino nacional enquanto, na verdade, estão rezando (já vi isso). É lamentável. Também não gosto de saber que a vitória do time possa significar créditos para o presidente Cagão da CBF (utilizando o vernáculo do próprio na entrevista à revista Piauí). Como já disse no nosso blog anterior e que gerou algumas polêmicas, não gosto do gauchismo predominante no futebol brasileiro. Esse termo significa o próprio pragmatismo, a covardia no jogo, emoldurado por uma fala mansa e rebuscada. Não consigo mais torcer. O que sempre gera desconfortos, principalmente em época de Copa do Mundo. Eu até faço força mais não dá. O divórcio foi consumado. É diferente do clube, daquela coisa rotineira, aquele arroz com feijão que é gostoso de toda maneira. A seleção é como ceia de natal, queremos o peru, a castanha, o champagne... não dá pra ser diferente e não me sinto antipatriota por causa disso.
Aconselho o Sérgio a levantar essa polêmica no Facebook. Adoraria saber a opinão de outras pessoas sobre esse tema.
Também vejo a Seleção da mesma forma que os amigos aqui no blog como também salientou o César acima. Mesmo com os santistas na Seleção, a "simpatia" pelo(s) selecionados(s) parece que continua a mesma para mim.
Prefiro assistir meu DVD da Copa de 1970, ou ver as imagens das seleções de 1982 e 1986. Minha torcida tem sido o futebol feminino e as categorias inferiores como a Sub-20 no começo do ano ao conquistar a Copa América, isto porque esta jogou um futebol como gostaríamos de ver na principal.
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