domingo, 12 de junho de 2011

Santos x Peñarol: Muita história e um jogo fantástico!


Está chegando a hora. Na próxima quarta-feira, Santos e Peñarol vão reeditar a final da Libertadores de 1962. Duas camisas que se tornaram lendárias nos anos 60 e dois times que praticamente dominaram o cenário sulamericano e desbancaram alguns dos melhores times europeus da época. Santos de Gilmar, Calvet, Dorval, Coutinho, Pelé, entre outros. Peñarol dos goleiros Maidana e Mazurkiewicz, Pablo Forlán, Pedro Rocha, Spencer, Joya.


Duas escolas, dois estilos de jogo. E depois de muito tempo em que estes times se confrontavam, parece que os estilos ainda continuam, guardadas as devidas proporções das épocas. Um mais ofensivo, mais técnico, de toque de bola. Outro com mais marcação, com um jogo mais duro, apostando na sua mística. Santos de Neymar, Paulo Henrique Ganso, Elano. Peñarol de Dario Rodriguez e do articulador Martinuccio.


Mas não faz tanto tempo assim que as duas equipes se enfrentaram por um torneio oficial. A última vez ocorrera em 1996 pela Supercopa da Libertadores, e o Santos vencera por 3x0 em São Paulo. Mas aquela partida nem se compara com o apelo e o momento em que as duas equipes vivem hoje.


Muito equilíbrio entre Santos x Peñarol. Ao todo foram 20 partidas oficiais, uma leve vantagem do Peixe com 9 vitórias, 4 empates, e 7 derrotas. O Santos marcou 34 gols e sofreu 30. Um dos confrontos mais tradicionais do nosso continente e dois clubes que objetivam a reconquista do prestígio internacional e a possibilidade de jogar contra a maior equipe da atualidade, o Barcelona.


Como é um confronto recheado de histórias, escolhi trazer para o leitor um jogo da semifinal da Libertadores de 1965, um dos jogos mais fantásticos da história deste torneio. O Santos acabaria eliminado no jogo de volta em Montevidéo, mas no jogo de ida, que acontecera no Pacaembu para 50.000 pagantes, o Santos ganhou do Peñarol por 5x4. O Peixe começou arrasador e aos 7 minutos do primeiro tempo já ganhava de 3x0. Não à toa, era um dos melhores ataques do mundo. Pedro Rocha diminuiria para os uruguaios aos 19. Aos 36' do primeiro tempo, a partida já estava 4x2 para o Santos quando Pepe foi derrubado na área. Pelé bateu e o goleiro Maidana defendeu. Os uruguaios comemoraram mais do que os dois gols que haviam feito. Mas, dois minutos depois, aos 38', Coutinho ampliava a vantagem santista marcando o quinto gol. No segundo tempo, os aurinegros reagiram e diminuíram a vantagem santista com dois gols de Héctor Silva resultando no placar de 5x4.


Foi um resultado muito comemorado pelos uruguaios apesar da derrota, pois Pelé perder um pênalti, era algo raro, praticamente um feito. E a reação no segundo tempo, também entusiasmou os aurinegros. Flávio Araújo, locutor da Rádio Bandeirantes até 1981, fala um pouco sobre a euforia no Uruguai. (Para quem não sabe, Flávio Araújo é aquele locutor sorridente de óculos que aparece no filme da Fifa da Copa de 1970 com uma fita verde-amarela na cabeça). Flávio Araújo comenta sobre o fato:


"Transmiti essa partida que foi realmente emocionante. Em meus tempos de Rádio Bandeirantes já transmitira os cotejos de Santos e Peñarol que decidiram a Libertadores de 1962. De todos, esse foi o mais espetacular. A reação do Peñarol depois do penal que Pelé cobrou e Maidana defendeu foi extraordinária. No dia seguinte viajei ao Uruguai e no mesmo voo da Varig estava a delegação do Peñarol. Na descida do Aeroporto de Carrasco, o público tomou a pista e o avião não podia aterrizar. Junto a Mauro Pinheiro (comentarista), descemos com ajuda policial e nos alojamos em baixo de um balcão no aeroporto já que o público simplesmente fazia um arrastão para carregar seus jogadores. Notem que o Peñarol perdera a partida, mas só sua reação ao final foi suficiente para levar seus torcedores à loucura. A torcida do Peñarol foi a mais inflamda de todas quantas conheci em minha longa carreira ao microfone da Rádio Bandeirantes."



Ficha Técnica: Santos 5 x 4 Peñarol.


Semifinal da Libertadores

Data: 25/03/1965

Local: Pacaembu, São Paulo

Renda: Cr$ 36.591.500,00

Público: 50.000

Árbitro: Luís Ventre (Argentina)


Santos: Gilmar, Ismael, Olavo, Geraldino, Zito, Mengálvio; Dorval, Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe. Téc: Lula.

Peñarol: Maidana, Caetano, Maciel(Pérez), Varela, Forlán, Gonçalves, Pedro Rocha; Ledesma, Héctor Silva, Sasía e Joya. Téc: Máspoli.


Gols: (Primeiro Tempo) Pelé 2', Pepe 5', Dorval 7', Rocha 19', Dorval 24', Silva 25', Coutinho 38'. (Segundo Tempo) Silva 30' e 27'.

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