Pé no fundo no Canadá

Olá leitores!

O pessoal da minha faixa etária deve ter assistido um bocado um desenho da Hanna Barbera chamado Corrida Maluca. Pois é. Vimos uma reedição desse desenho nesse domingo. Do momento em que foi dada a largada até o encerramento oficial da corrida, foram 4 horas. Depois, ainda levou mais um tempo para o resultado oficial sair, pois o vencedor se envolveu em dois acidentes e os comissários só divulgaram o resultado oficial por volta das 20h do horário de Brasília. O Circuito Gilles Villeneuve cumpriu sua tradição de proporcionar corridas emocionantes. É verdade que as novas regras aumentaram o volume de ultrapassagens, mas também é verdade que essas regras pouco tiveram a ver com a excelência da corrida. Após uma estratégica ausência, eis que São Pedro resolve mostrar que quem realmente propicia emoção é ele. Afinal, não é inteligente usar o KERS com piso molhado (a chance de rodar é imensa) e a asa móvel (a sigla DRS que vocês vêem na geração de caracteres da TV) não foi liberada enquanto o piso esteve molhado, e a corrida mesmo assim foi a mais emocionante do ano. Pena que a RGT, dona há décadas dos direitos de transmissão para o Brasil, ao ver que a corrida entraria no horário do jogo das 16h, não teve o mínimo de inteligência de passar a transmissão para o SporTV2, que estava passando pela 3ª ou 4ª vez esse fim de semana o VT de uma chata partida de vôlei (desculpem o pleonasmo). Enfim, coisas da Globo, perdão, RGT.

O grande nome do dia foi, sem dúvida, Button. Mostrou que é possível ser arrojado sem ser vaca louca. Fez aquela que muito provavelmente foi a melhor corrida da carreira dele desde as categorias de base na Inglaterra. Dividiu curva com o Alonso e tirou o espanhol da prova. Mostrou para o Hamilton que não é só chegar e passar (viu, Massa?). E venceu mesmo tendo de cumprir drive-through por ter ultrapassado o limite de velocidade nos boxes. Simplesmente era o dia dele, não há outra explicação. Em compensação, seu companheiro Hamilton continua num inferno astral daqueles: primeiro se enroscou com o Webber logo que o safety car saiu da pista na primeira largada, depois quis ultrapassar o Button na reta, o Button defendeu a posição, o Hamilton insistiu e foi para o muro, destroçando a roda traseira esquerda. E depois ainda ficou bravo com a equipe quando essa pediu para ele desistir de trazer o carro para os boxes. A equipe queria diminuir os próprios prejuízos, só isso.

Na Red Bull, o Webber foi atrapalhado no começo pela afobação do Hamilton e depois fez mais uma corrida de recuperação, terminando em um bom 3º lugar, levando em conta todas as circunstâncias da corrida. O Vettel perdeu uma corrida que parecia ganha, mas por sua própria culpa. Como é um piloto jovem, não aprendeu ainda que vantagem a mais sobre o 2º colocado nunca é de menos. De qualquer maneira, foi uma boa apresentação.

Na 4ª posição apareceu ele, Michael Schumacher, que viu na chuva uma maneira de compensar as deficiências de seu carro perante Red Bull, McLaren e Ferrari em ritmo de corrida. Mostrou que não é o mesmo piloto de 10 anos atrás, mas ainda é muito melhor que a média dos concorrentes de pista. Em compensação, Rosberguinho foi um apagado 11º lugar. As más línguas diriam que ele estava com medo de molhar o penteado...

Petrov foi o 5º, após brigar boa parte da corrida com o companheiro Heidfeld. Heidfeld, por sinal, que propiciou um único momento de emoção quando bateu a asa dianteira nos pneus do Kobayashi e depois, com o suporte quebrado, a asa entrou debaixo do carro fazendo com que ele perdesse o controle do carro e desse um belo cavalo de pau na área de escape.

Massa em 6º, depois de uma classificação muito boa (ficou apenas 18 milésimos de segundo atrás do Alonso) e uma corrida mais ou menos. Um pódio não seria absurdo, se ele tivesse errado menos. Para sorte dele, Alonso não terminou a corrida após subestimar a combatividade do Button e tocar sua roda traseira na roda dianteira do inglês, rodando e saindo da prova. Menos mal que o duelo dele com o Kobayashi nas voltas finais foi de encher os olhos, ultrapassando o japonês praticamente sobre a linha de chegada, duvido que tenha passado a mais de meio metro a frente do Sauber.

Rubinho terminou em 9º, reclamando do Kobayashi, da chuva, do carro... tá começando a ficar chato. Rubinho está ficando muito chato.

Próxima corrida, 26/06, GP da Europa, no cais de Valência. Mesmos pneus escolhidos para o Canadá – o que indica um desempenho decente para a Ferrari – naquela que é a mais chata pista de rua do calendário. Lá dependeremos dos milagres do KERS e da asa móvel para termos um mínimo de emoção.

Até a próxima!

Alexandre Bianchini