quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Corinthians marcha lenta



Eu sei que o assunto automobilístico não é minha especialidade. Mas uma coisa é certa: Corinthians está na marcha lenta desde o título contra o Internacional. Naquele ano o Corinthians estava jogando um futebol que enchia os olhos de quem gostava de futebol (não estou falando do ponto de vista de torcedor). Tinha uma defesa muito bem montada por Mano Menezes, uma dupla de volantes que sabia atacar e defender; tinha dois laterais em ótima fase. No meio de campo tinha um armador que, às vezes parecia não querer muito nada com o jogo, mas era um cara muito criativo.

Depois do título, os olhos ficaram voltados para a Libertadores. Daquele momento em diante algumas coisas ruins acontecendo. Parecia que o auge do time tinha sido mesmo aquela decisão contra o Internacional. Passou em branco no Brasileiro daquele ano, mesmo com todos os times não jogando uma bola muito redonda. Tanto é que o Flamengo levou o título, mesmo com muitas ressalvas dos críticos em relação a qualidade técnica do time. Depois veio o Paulista, que foi abandonado para que todas as forças fossem utilizadas na Libertadores. Saímos num jogo medíocre contra o Flamengo que continuava sendo um time tão limitado quanto aquele que foi campeão.

A pressão aumenta no Brasileiro, já que era ano do Centenário. As piadas já estavam prontas, por isso o time precisava jogar com toda a força possível. A segunda baixa acontece: depois da saída de Cristian e André Santos; o time perde também o seu comandante Mano Menezes para a Seleção Brasileira. Ronaldo nesse momento era figura difícil dentro dos gramados, disputando apenas os últimos jogos do Brasileiro, vencido pelo Fluminense.

Aquele time campeão da Copa do Brasil não existia mais. Por isso que, nas primeiras entrevistas do atual técnico Tite, existia a intenção de recuperar o conjunto daquele time vitorioso. Segundo ele, um time que “botava medo” nos adversários não poderia ter esquecido de jogar bola. Não disse, porém, que os jogadores que o Corinthians dispõe hoje são melhores tecnicamente do que os jogadores daquela época. A base é a mesma, mas algumas posições foram melhoradas e muito. Então, aquele time vitorioso devia ser hoje um time competitivo, coisa que não está acontecendo.

O medo de torcedor é que essa esperança na Libertadores atrapalhe mais uma vez o time, que visivelmente está sofrendo problemas em alguns setores. Do ponto de vista da defesa, isso só pode ser resolvido com muito treinamento; a mão do treinador no posicionamento dos jogadores, revendo erros até a exaustão. Acerto das peças dentro de campo para que não fique tão vulnerável como anda acontecendo há muito tempo. A confiança naquele time que não tomava gols transformou-se na preocupação de um time que toma gols com erros primários, infantis e de desatenção.

Ainda mais: como acontece com nove entre dez times no Brasil, a questão da criatividade também é um problema muito sério. Poucos times conseguem criar muitas formas de atacar o adversário; geralmente criam uma maneira que acaba refletindo as características dos jogadores em campo. Com o Corinthians existe uma tendência de jogo com Ronaldo em campo e nenhuma tendência sem ele. Ontem diante do Bragantino ficou claro que se o time tomasse um gol (o que parece acontecer com freqüência), não iria conseguir reverter a situação. O time não consegue meios de sair de uma marcação forte como fez o time do interior de São Paulo (e provavelmente farão os times na Libertadores).

Assim, aquele meu otimismo dos primeiros jogos da Libertadores do ano passado estão se transformando num pessimismo para a primeira fase desse ano. O que pode ser uma boa coisa, já que o ano passado nós fomos eliminados prematuramente. Quem sabe não entendo nada sobre futebol.

Um comentário:

Mario disse...

Larga mão, Sérgio, este negócio de "não entendo nada sobre futebol" não é o seu caso. Futebol é muito imprevisível.