domingo, 7 de novembro de 2010

PÉ NO FUNDO EM INTERLAGOS

Olá leitores!

Existe uma teoria segundo a qual boas pistas fazem boas corridas. Não é sempre que isso acontece, mas esse final de semana em Interlagos foi ótimo! Mais uma vez vimos o pessoal da Red Bull respeitar o esporte, pois teria sido muito fácil tomar uma atitude nos moldes da Ferrari e fazer o Webber vencer a corrida com o Vettel em 2º. Teria sido fácil e, no mundo da F-1 moderna, previsível. No entanto, num ambiente no qual o esporte é gerenciado como uma empresa, a Red Bull mostrou que prefere correr o risco de perder o campeonato de pilotos (o de Construtores foi assegurado nesse domingo) a dar ordem para seus pilotos inverterem a posição – como certamente a Ferrari teria feito.

Devo admitir que me encontro dividido: por um lado, como torcedor da Ferrari, gostaria de ver um piloto da equipe sendo campeão. Por outro lado, como fã do esporte, não posso deixar de admirar a atitude da Red Bull, e não posso deixar de constatar que a equipe está se comportando como uma defensora do esporte ao deixar que o piloto que for mais rápido vença, fazendo por merecer um título mundial.

A emoção começou no sábado, com a chuva dando as caras na classificação e fazendo os estrategistas das equipes trabalharem feito doidos. Como costuma acontecer em pistas sujeitas às variações do tempo (como Spa, Silverstone e Suzuka), a classificação permitiu o aparecimento de surpresas, e no caso a surpresa foi o Niko Hülkemberg, talentoso piloto alemão da Williams que pode estar no olho da rua se não conseguir cobrir a oferta do venezuelano Pastor Maldonado, que nem é lá essas coisas, mas levará para a equipe um patrocínio de 15 milhões de dólares da PDVSA, a estatal de petróleo do Hugo Chávez, dinheiro esse que se torna necessário para cobrir a saída de 4 patrocinadores da equipe. Ele conseguiu no final do treino duas voltas absolutamente fantásticas e enfiou 1 segundo sobre os carros da Red Bull, que dominaram as poles da temporada.

Com o sol aparecendo domingo, as chances do Hülkemberg permanecer lá na frente se esvaíram por água abaixo, com o perdão do trocadilho. Mesmo assim, após a largada ele conseguiu resistir bravamente às investidas do Alonso por 6 voltas, e em todas as vezes que foi ultrapassado vendeu bem caro a posição. Será uma pena não o ver nas pistas ano que vem.

Com Vettel, Webber e Alonso entrincheirados nas 3 primeiras posições, a corrida ameaçou ficar chata, mas felizmente do meio do pelotão para trás o pessoal fez um bom trabalho de entretenimento para o público que tostava ao inclemente sol que fazia em Interlagos – a temperatura do asfalto chegou a 53ºC, o que é bastante alto para o uso dos macios pneus da F-1.
Os brasileiros não foram bem: Barrichello terminou em 14º, uma posição à frente do Massa, que resolveu brincar de carrinho de bate-bate no parque depois de reclamar muito da dificuldade de esquentar os pneus na classificação (ele bem que podia dar outra desculpa, está ficando muito repetitivo). Bruno Senna ficou em 21º, 2 voltas atrás, e Di Grassi arrastou seu carro até o final 6 voltas atrás dos líderes, em 23º, sendo o último a cruzar a linha de chegada.

A temporada termina no próximo fim de semana, em Abu Dhabi, no nababaesco e faraônico circuito projetado para (entre outras coisas) passar por dentro de um hotel 5 estrelas. Pena que a pista tenha ficado com um traçado tão chocho... Em todo caso, se a corrida estiver muito chata, sempre dá para ir ao cassino do hotel jogar ou ir ao recém inaugurado parque temático Ferrari World, ao lado do autódromo, onde por um módico ingresso de 60 dólares você pode andar em montanha russa imitando Ferrari, um simulador de corridas onde você joga dentro de um carro da Ferrari, o carrossel tem carrinhos da Ferrari ao invés de cavalinhos, entre outras coisas feitas para a diversão dos filhos dos sheiks que ainda não podem dirigir seus próprios Ferraris. Agora, se você estiver em casa vendo pela TV...

Até a próxima!

Alexandre Bianchini

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