segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fim do Turno: dúvidas e mais dívidas

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Pela primeira vez, se minha memória estiver errada, a definição do campeão do Turno do Brasileirão não sairá por vias normais. Teremos que fazer um exercício de adivinhação, contagem provável de pontos e uma estatística do que pode não acontecer. Isso está acontecendo por uma diferença na tabela, de jogos que não aconteceram na data conforme previsto no início do calendário. Saberemos sobre o campeão do primeiro turno depois de algumas rodadas do segundo, mesmo assim um título ainda mais virtual. Se a definição do campeão do primeiro turno é apenas um divisor de águas no campeonato, dessa vez teremos que nos contentar com times que são e não são campeões do primeiro turno.

Essa situação acontece ao mesmo tempo em que o Governo Federal elabora um plano de unificação do calendário, ficando mais próximo ao que o mundo pratica; principalmente o Europeu. Segundo todos os envolvidos, um calendário unificado facilitaria um planejamento dos times brasileiros, não só pelo aspecto financeiro como também o aspecto técnico e tático. Teríamos “negócios” com nossa matéria-prima exatamente no período de férias, o que inibiria o problema de “desmanche” de times no meio do campeonato. Mais do que confirmar que somos apenas exportadores de jogadores, agora também vamos facilitar as coisas para todo mundo.

Num primeiro momento eu achei fantástico: afinal de contas é impossível segurar qualquer jogador brasileiro quando existe uma negociação de clubes estrangeiros. A tabela unificada daria mais segurança aos torcedores que não seriam obrigados a ver uma desfiguração do time no meio do campeonato. Mas num segundo momento, achei horrível, pois o problema não está apenas na data da saída; mas na própria saída dos nossos craques.

Ao invés de elaborarmos um plano onde o futebol nacional fosse enriquecido, como um grande negócio, e lucrativo; saímos pela porta dos fundos, facilitando ainda mais a nossa característica de entretenimento: o sub-produto do futebol. Nós, torcedores, somos obrigados a ver jogadores medíocres, ou com muita sorte ver um craque rendendo um último suspiro em campo. E agora, caso o calendário seja aprovado, uma oficialização de que somos feitos apenas para criar jogadores, e mandar para fora apenas os melhores.

Torceria pelo sucesso de um plano onde os jogadores de base, os craques e os torcedores fossem colocados em primeiro lugar. Tivemos uma evolução com o estatuto do torcedor (mesmo com algumas falhas, tivemos melhoras nesse quesito), mas em relação aos jogadores parece que estamos totalmente desamparados. Será que o futebol de um país como o Brasil precisa se submeter de forma tão clara aos interesses de outros países? Será que conseguimos pelo menos negociar um padrão melhor para nosso esporte, fazendo com que ele valha a pena? Será que o futebol brasileiro não pode brigar economicamente com nenhum outro país?

Enquanto isso, esperamos o final do turno sem saber o campeão e o final do segundo turno sem saber os jogadores.
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2 comentários:

Mario disse...

Concordo em gênero,número e degrau. Adequarmos nosso calendário ao europeu, significa nos sujeitarmos a sermos eternos exportadores.Significa que não temos expectativas de melhorar ou crescer economicamente. Imagine jogos durante o verão, acima dos 40º como ocorre no Rio.Mentalidade de colônia.

Anônimo disse...

Realmente é algo complicado. Até quando vamos ficar a mercê daquilo que os europeus querem. Até quando nosso futebol só vai servir para servir os outros!