Olá leitores!
Além dos fãs do Lewis Hamilton, outro grupo de pessoas ficou
muito feliz com o GP da Alemanha este domingo: os integrantes e apoiadores do
Partido Verde alemão. Afinal de contas, as árvores do entorno da pista de
Hockenheim com certeza crescerão mais viscosas após a gigantesca adubada do
Sebastian Vettel na pista alemã. Adubada essa que pode ter jogado o campeonato
no colo do Hamilton, e que levando em conta as pistas pelas quais a categoria
passa na segunda metade do campeonato eu não enxergo uma real possibilidade de
recuperação do time de Maranello. Possivelmente a chance de encerrar o jejum de
títulos da Ferrari foi embora junto com a aderência do carro do alemão no
Stadium. Posso afirmar que Hamilton só perde o campeonato para ele mesmo agora,
afinal – descontando Hungaroring, Marina Bay e talvez Abu Dhabi – as pistas do
segundo semestre são nitidamente favoráveis ao conjunto da Mercedes. Gostaria
de estar errado, mas Lewis está com uma mão e 3 dedos no título após terminar o
GP da Alemanha com 17 pontos de vantagem, nem tanto pela pontuação em si, mas
pelo lado psicológico.
O pior das vitórias do Lewis Hamilton é o discurso após sair
do carro: desculpem, mas aquele falatório motivacional digno de reunião de
revendedores da Herbalife não dá pra aguentar. Consegue ser ainda pior que os penteados
que ele inventa de corrida para corrida, no melhor (ou pior...) estilo Neymar
de marketing pessoal. A “sorte” do Vettel foi que ele não levou para casa
nenhum dos troféus entregues no pódio, o mais feio desde aquele com o símbolo
de um patrocinador que parecia um toletinho. Nada contra escrever a posição em
que o piloto chegou no troféu, mas... se a fonte usada não foi Comic Sans, foi
uma extremamente parecida, o que definitivamente NÃO foi uma boa idéia.
Vitória consagradora de Hamilton após largar no 14º lugar por
conta de um problema hidráulico no final do Q1 quando ele já tinha tempo para
passar pro Q2. Escalou com facilidade pelo pelotão até chegar ao 5º lugar,
quando a sorte começou a sorrir para ele e as condições meteorológicas tornaram
a corrida uma aposta em chuva ou não. E mesmo a equipe tendo esperado o máximo
possível a chuva, uma volta após ele trocar por um novo jogo de pneus para pista
seca a água veio. Ele conseguiu se manter na pista molhada com os pneus slick
(como aliás, a maioria dos pilotos...), foi beneficiado com o acidente do
alemão, com o safety-car provocado pela retirada do carro da caixa de brita,
por uma ordem de equipe pro lacaio Bottas não o ultrapassar e por comissários
de prova condescendentes (Kimi já foi punido em 2016 pelo mesmo procedimento de
cortar a linha de entrada dos boxes em Baku). Enfim, era o dia de Hamilton. Seu
companheiro Valtteri Bottas foi um obediente 2º colocado, talvez sob efeito da
recente renovação de contrato para 2019 com opção para 2020.
Em 3º chegou Kimi Räikkönen, que fez uma boa corrida em que
pese os números não demonstrarem isso, afinal largou e terminou na mesma
posição. Nesse meio tempo, ele obedeceu à estratégia da Ferrari para voltar com
pneus novos na frente do Hamilton, obedeceu à determinação da equipe para ceder
a liderança da corrida pro Vettel, e no final não teve como segurar os carros
da Mercedes com pneus mais novos no momento de ultrapassar retardatários com a
pista muito escorregadia. Nada mal para um piloto que muitos têm como acabado
na categoria. Seu companheiro Sebastian Vettel (18º) largou muito bem, abriu
vantagem quando precisava, mas talvez a equipe tenha demorado muito para o
chamar para a troca de pneus, tanto que Kimi com pneus mais novos andou mais
rápido e o ultrapassou por ocasião do pit stop. Só que aí veio a chuva, e ele
claramente superestimou a aderência dos pneus (após a prova ele chamou o que
aconteceu de “pequeno erro”... sei...) acabando com o carro na caixa de brita
após bater a baixa velocidade contra a barreira de pneus. Pequenos erros,
grandes perdas de campeonato...
Em 4º terminou Max Verstappen, que tentou jogar pôquer com o
tempo e perdeu: foi o único dos pilotos da frente a entrar para trocar os pneus
slick pelos intermediários, aposta que teria dado certo se a chuva fosse mais
longa e se o Vettel não tivesse batido, provocando a entrada do safety-car.
Enfim, ao contrário do Vettel, não dá para culpar o Max por esse erro, e ele
não diminui a bela corrida do jovem holandês. Seu companheiro de equipe Daniel
Ricciardo (20º) largou lá atrás por conta de troca de peças da unidade de
força, mas foi feita uma escolha muito equivocada de pneus, fazendo com que ele
tivesse enorme dificuldade em ultrapassar carros mais lentos que o dele e culminando
em (mais) uma falha mecânica no carro na volta 29.
Em 5º chegou Nico Hülkemberg, que ganhou boas posições na
segunda metade da corrida com as condições instáveis do tempo e conseguiu o
melhor resultado que seria possível com o carro que tem. Seu companheiro Carlos
Sainz Jr. (12º) teve um dia para esquecer, que culminou com uma punição de 10
segundos por ultrapassagem durante o safety-car que o retirou da zona de
pontuação.
Em 6º terminou Romain Grosjean, que reconheceu o erro da
aposta em utilizar os pneus intermediários, mas ainda assim fez uma bela
corrida, pilotando no limite sem erros e fazendo belas ultrapassagens sobre a
dupla da Force India nas voltas finais. Seu companheiro Kevin Magnussen (11º)
fez uma boa corrida enquanto o tempo estava seco, e depois se perdeu
completamente com as escolhas de pneus, uma pena para ele.
Em 7º e 8º chegou a dupla da Force India, respectivamente Sergio
Pérez e Esteban Ocon. Possivelmente é a equipe fora do pelotão da frente com a
dupla mais equilibrada de pilotos, e mais uma vez os dois carros pontuaram.
Imaginem só se a equipe tivesse mais dinheiro para investir no desenvolvimento...
Em 9º terminou Marcus Ericsson, que acertou em permanecer na
pista com os slicks e voltou a marcar pontos após um intervalo de tempo
razoável. Seu companheiro Charles Leclerc (15º) se atrapalhou por conta da
troca de pneus para chuva, e basicamente nada deu certo para ele a partir da
queda dos primeiros pingos de chuva. Menos mal que ainda teve como presentear o
público com uma bela rodada de 360°, demonstrando grande controle do carro em
situação adversa.
Fechando a zona de pontuação chegou Brendon Hartley, que
confessou ter utilizado sua experiência em provas de longa duração para lidar
com o tempo instável e permanecer na pista. O ponto acabou sendo um prêmio pela
determinação. Seu companheiro Pierre Gasly (14º) foi o único que no começo da
chuva parou para trocar pneus e saiu com os compostos para chuva pesada. Claro
que os pneus superaqueceram na pista seca, claro que ele perdeu o controle e
claro que ele fez o passeio mais veloz na caixa de brita que vi nos últimos
anos sem resultar em batida.
Próxima semana tem evento de hot lap, digo, corrida no
kart... autódromo de Hungaroring, vamos ver se a última corrida antes das férias
de verão da categoria consegue ser menos chata que essa da Alemanha – coisa que,
pelo retrospecto, sinceramente duvido...
Também tivemos NASCAR, corrida em um dos ovais curtos que mais
gosto, a pista de Loudon, em New Hampshire. Para quem não lembra, é aquela
pista em que na Indy o diretor de prova quis forçar um final em bandeira verde
e determinou a relargada mesmo com a pista molhada... e claro, assim que os
carros aceleraram quem tinha desligado a regulagem para ritmo de pace car
rodou, inclusive o então líder do campeonato Will Power, que – muito nervoso –
foi para a frente da torre do diretor de prova e mandou um “duplo comando” para
ele que viralizou na internet na época... pois bem, esse domingo a corrida teve
Martin Truex Jr. vencendo o 1º segmento, Chase Elliott fazendo um grande
trabalho ao vencer o 2º segmento, mas no final a posição de honra ficou com
Kevin Harvick, que mesmo tendo o carro mais rápido da pista no final da prova
ainda ultrapassou o então líder Kyle Busch na base do “bump-and-run”, dando
aquele toquezinho maroto na traseira do Buschinho nas curvas 1 e 2 e o
desestabilizando para passar. Precisar não precisava, mas ele achou que era a
maneira mais rápida... Kyle Busch teve de se contentar com o 2º lugar, e
questionado a respeito da manobra foi evasivo: “a maneira como você corre é
como os outros correm contigo”... resumindo, Harvick que se prepare que vai ter
troco. Em 3º, aproveitando o ótimo acerto do carro da Stewart-Haas Racing para
a pista, chegou Aric Almirola, que para surpresa desse vosso escriba foi o 3º
piloto que mais liderou voltas nessa prova... será que o dia da vitória dele na
categoria principal está chegando? Em 4º chegou Martin Truex Jr. e em 5º Chase
Elliott, com o melhor posicionado dos Chevrolet – marca que largou a carroceria
do sedã Chevrolet SS (basicamente uma versão esportiva do último Omega
australiano que veio para o Brasil) pela do Camaro e agora está sofrendo com
problemas aerodinâmicos... ao menos é a explicação que encontrei para a enorme
queda média de rendimento do ano passado para esse.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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