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Edmundo foi ídolo em dois clubes. E para os dois, ele diz amor incondicional: Vasco e Palmeiras. Edmundo não foi apenas craque para palmeirenses e vascaínos, foi craque na concepção mais justa da palavra. Craque de dribles, de gols; de atacante como hoje não se vê por ai. Mas dentro de toda essa admiração, também sobrou revolta; estrago e decepção. Um dos maiores jogadores brasileiros da década de 90 também estigmatizou o termo bad boy. É claro, ele não foi o único; nem possivelmente será o último. Outros craques dentro de campo serão tão criticados fora dele. Nenhum deles está completamente curado do vício de fazer bobagens.
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Então, ele foi preso. E toda a novela corre em sigilo da justiça desde 1995, quando ele se meteu num acidente, causando a morte de três pessoas. Um carro potente, um adolescente endinheirado, uma família pobre. Nada justifica, mas tudo se explica. Ele pode ser mesmo um pouco do que os garotos, que estão procurando o sonho de jogar futebol, poderão se tornar no futuro. Não serão poucos aqueles que vão se meter com drogas, com encrencas; com acidentes como esse. Do Edmundo a única mancha não saiu do colete: a morte no acidente. Fato que teve que carregar durante um período longo enquanto jogava, quando era chamado de “assassino” pela torcida adversária. Problema que ressurge agora, com a condenação.
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Exagero de algumas partes, injustiça de outros. O que ele merece não somos nós que devemos pensar; nem torcedores, nem palpiteiros de plantão. Ele merece aquilo que a justiça determinar, sem tirar nem por. É certo que alguns termos, algumas situações, e alguns famosos; quando réus, encontram brechas mais confortáveis. Mas não é culpa da justiça, nem esse texto é sobre Teoria do Direito. Portanto, não tem razão em dizer qualquer coisa, apesar de ter direito.
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Edmundo foi solto, mas não está livre.
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Está preso desde 1995, quando era um garoto. Hoje, tão mais velho, parece tão mais experiente. A vida ensina da mesma forma que pune. E se há prescrição, se a validade do julgamento; se tanta coisa nesse meio jurídico deve ser discutida; nenhuma delas dá o direito de tratar um sujeito desse jeito: um criminoso. Não é anjo, como quase nenhum de nós é; e talvez por isso, não parece ser correto tanto sensacionalismo que andam fazendo pelo seu erro.
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Jogador genial e seu gênio explosivo. Dizem que tem coração grandioso, não o conheço pessoalmente para defender a tese. Também não o conheço suficientemente para dizer tratar-se de um monstro. E parece que andam querendo que seja assim, pois nós não gostamos das coisas claras. Então vamos ser mais coerentes: Culpado sim, coitado não. Tudo na mais racional análise, sem sentimentalismo barato quando comparamos a figura do bom moço comentarista da figura transformada do ruim moço com a testa ferida, de imagens do passado.
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O cara de lindos gols também é o cara que brigava com todo mundo. O cara de grandes partidas, também fazia péssimas apresentações. Branco e preto; verde e branco. A criatura dos altos e baixos; simplesmente. Seria Edmundo esse criminoso, que deve apodrecer na cadeia; ser condenado pela sociedade? Ou será Edmundo o grandioso craque, endeusado e admirado por duas grandes torcidas? Nem tanto, nem tão pouco. O animal, que é pejorativo; também significa esplendoroso e guerreiro. As duas faces de um mesmo jogador e da mesma pessoa.
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Não podemos deixar de lado a história do brilho, como não podemos também ignorar a história obscura; o que não podemos fazer é dar maior valor ao fato do que ele realmente merece; tanto para o bem como para o mal.
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2 comentários:
Acho que o Edmundo no seu auge, só ficou atrás do Ronaldo, e não foi bem aproveitado na Copa de 1998, quando estava gastando a bola. Cometeu erros fora de campo que cabe agora, à justiça.
A justiça deve fazer o correto, independente de o réu ser uma pessoa pública ou não. Aos culpados, uma pena justa, sem a necessidade de grandes exposições pelo prazer de se ter feito justiça.
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