Olá leitores!
Enquanto as emissoras de TV não preparam a Retrospectiva 2010 delas, nós vamos aproveitar o fim dos campeonatos para fazer o nosso balanço anual da Fórmula 1.
O melhor da temporada ficou com a dupla da Red Bull, empresa que não vende carros nem nada relacionado a eles: vende promessas de emoção via bebidas energéticas. Empresa que patrocina um sem número de eventos de esportes radicais mundo afora. Empresa com um público consumidor jovem. Sob esse ponto de vista de um consumidor com pelo menos a metade da idade do comprador padrão da Ferrari, seria um tiro no pé definir a preferência por um dos dois pilotos. Resultado: se digladiaram até o final, com o piloto que nunca tinha liderado a tabela de classificação sendo coroado o mais jovem campeão da história.
O título de “vacilão” do ano pode ser dado ao Mark Webber, que fraturou o ombro andando de mountain bike antes do GP do Japão e não comunicou a equipe... mas contou o ocorrido na sua biografia lançada após o fim da temporada. Acho que correr sob efeito de infiltração e cortisona sem que o patrão saiba pode dar motivo para demissão por justa causa, mas aí é da cabeça de cada um. Eu, na melhor as hipóteses, o proibiria contratualmente de andar de bicicleta, afinal já não estamos nos tempos românticos do esporte a motor, onde pilotos competiam engessados (Nuvolari) ou queimados (Lauda).
A McLaren começou a temporada muito bem com o seu duto de ar (F-Duct) que “anulava” a influência de arrasto da asa traseira nas retas. Depois que todo mundo copiou a idéia, perderam boa parte da competitividade, mesmo com belas atuações do Hamilton e com a grande habilidade na chuva do Button. Podemos aguardar boas surpresas em 2011.
Esse ano foi eleito um novo Dick Vigarista, um espanhol baixinho das Astúrias cujos fãs chamam de “Príncipe das Astúrias” e o torcedor brasileiro já chamou, gaiatamente, de “Príncipe das Astúcias”. Alonso pegou um carro que era constante mas não tinha a mesma velocidade pura dos Red Bull e da McLaren do começo da temporada e fez chegar à última etapa com condições de disputar o título de pilotos. Brilhantismo esse que foi ofuscado por uma ordem de equipe pessimamente disfarçada, que tirou a chance de Massa voltar a vencer exatamente 1 ano após o mais grave acidente de sua carreira. Analisando do ponto de vista de um administrador de empresas, corretíssimo; analisando do ponto de vista de um torcedor, um lixo. Agora é torcer para em 2011 o Massa fazer uma temporada ao menos razoável, para ter um convite de outra equipe para pilotar. Foi nítida a diferença de pilotagem do Massa ANTES do pastelão e DEPOIS do pastelão, os doutos senhores com títulos de MBA que controlam a marca conseguiram “quebrar” psicologicamente o Massa de um jeito que ele simplesmente levou a temporada até o fim. Mesmo sendo torcedor da Ferrari, foi um alívio o Alonso não ser campeão.
As demais equipes tiveram brilhos esporádicos. A Renault dependeu muito do ótimo Kubica, já que o Petrov estava lá pelos dólares da Lada. A BMW Sauber com motor Ferrari (imbróglio total...) apareceu com as grandes atuações daquele que – em minha visão – foi o piloto sensação da temporada: Kamui Kobayashi, o piloto que não tem medo de ultrapassar! Gostaria muito de ter visto na última etapa o Kobayashi atrás do Petrov para ver se ele ficaria a corrida toda alí na frente...
As estreantes... bem, essas tiveram uma vida muito difícil. A única que demonstrou ter alguma noção do que estava fazendo foi a Lotus. Virgin e Hispania foram um clamoroso fracasso, e devem mudar de donos ano que vem. A Virgin foi vendida para a fábrica de superesportivos russa Marussia, e com a Hispania existem fortes negociações.
Com tudo isso, tivemos um dos campeonatos mais disputados da história da categoria, com 4 pilotos com chances matemáticas de título. Apenas como comparação, aquele que por muitos é considerado o campeonato mais emocionante das últimas décadas (o de 1986) teve 3 pilotos na disputa (Mansell, Piquet e Prost). Verdade que para o Hamilton ser campeão ele tinha de vencer a prova e torcer para que Vettel, Webber e Alonso tivessem problemas, mas a chance existia. Pode-se, e a meu ver deve-se, questionar a qualidade do espetáculo em épocas de ingerências estranhas da FIA no regulamento que impedem uma competição nos moldes daquela que existia nos anos 80, mas a alternância dos candidatos ao título foi um show à parte.
Ano que vem teremos mudanças no regulamento de novo, então não necessariamente o melhor carro no final dessa temporada será o melhor no começo da próxima, mas torço para que tenhamos novamente um campeonato cheio de alternâncias entre os líderes, e com algum brasileiro com chance de subir ao pódio.
Abração a todos, boas festas e até 2011!!!!
Alexandre Bianchini
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